A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A racionalidade inútil

A racionalidade afinal é inútil, há quem ache que não e até é provável que esses não entendam a profundidade deste filme, ainda assim vão ficar extasiados com a sensualidade da maioria das cenas do filme.
Lars Von Trier volta a ocupar o lugar de intocável na sétima arte, pela bela música, imagens e interpretações que dirigiu em Melancholia.
Mas será que era mesmo imprescindível recorrer à parábola do fim do mundo, da mana boa e da mana má, para nos mostrar que a racionalidade pode ser inútil? Parece que sim, e às vezes nem à bruta entendem.
Estaremos todos tão estúpidos assim?  Não, mas nesta espécie de modernidade atingimos um equílibrio estável entre superficialidade e racionalidade.
Se o mundo acabasse amanhã como escolheríamos passar as últimas horas?
A degustar um bom vinho de mãos dadas com os nossos entes queridos num dos terraços da nossa rica mansão?
Isso pode dizer muito sobre as (ir)racionalidades.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um natal iluminado!

Os portugueses que apreciam as iluminações natalícias terão de comprar uma viagem lowcost para uma das principais capitais europeias, talvez Londres, Paris ou até Berlim, é caso para dizer mais uma vez (e com alguma ironia) viva a Europa!
Parece que Lisboa, uma aspirante a capital do turismo, estará limitada a meia dúzia de estrelas cadentes que aterraram há umas semanas na Praça da Figueira. Há que dar bons exemplos aos alfacinhas e, principalmente, a quem nos visita, mesmo que esta opção faça jus ao célebre "É para inglês ver!", é quanto a mim uma estratégia algo pueril para convencer os senhores que aterraram na portela há uns meses do nosso empenho em reduzir despesa, ou melhor excessivas gorduras que fomos acumulando!
Londres, Paris e Berlim bem podem ficar com mais um monopólio, o turismo natalício, o que conta por cá são os bons exemplos, até porque uma coisa é certa, os portugueses vão ter o melhor clima natalício da europa, porque o nosso capital solar, esse, ninguém nos tira!
No entanto muitos portugueses terão de procurar "o seu lugar ao sol", procurando sustento noutras paragens...já nos habituámos, são séculos da mesma história.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Naturaleza Muerta

Pode parecer um paradoxo mas, na adolescência, os nossos amiguinhos e colegas de liceu, só porque queriam ser punks, metálicos ou vanguardas, tinham de censurar tudo...até tinham o descaramento de censurar a música que gostávamos de ouvir!
Para os que viviam quase no centro da PI os Mecano foram mais do que uma moda, era ficar horas a fio a ouvir o álbum "Aidalai" e a traduzir os sentimentos de letras tão profundas como "el fallo positivo" ou "Dalai Lama".

Uma amiga desses tempos mostrou-me este fim-de-semana como é tão bom reviver e até rirmos das nossas crises existenciais quando ainda só tentávamos existir e quantas vezes da pior maneira.
Então contra a censura, dos que ainda não cresceram ou gostam mesmo de oprimir, cá vai a lenda do pescador...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entre o tango e o flamenco

O Fado ganhou a distinção e o reconhecimento enquanto património imaterial da humanidade no passado fim-de-semana, graças ao empenho da candidatura liderada pela Câmara Municipal de Lisboa através EGEAC/Museu do Fado, mas também e sobretudo aos fadistas, guitarristas e letristas que nos últimos dois séculos deram corpo e voz à canção da saudade.
Mas é também canção da festa, do ciúme, do amor, da separação e do destino.
Porque ouvimos e gostamos tanto de fado?
Não faço ideia, porque somos melancólicos, espero que não!
Ouvir desde pequena não deve ser uma razão suficiente, mas como ouvia sempre em ocasiões especiais, em momentos mais fraternos foi-se tornando uma espécie de encontro comunitário.
Gosto do silêncio que acompanha o Fado, para mim é uma espécie de oração e a fadista bem pode ser a nossa sacedortisa.
Gosto de todos os tipos de Fado, mas para mim há dois projectos que marcam muito a evolução que o fado se permitiu ter nos últimos tempos e que eu aprecio. O fado experimental d'A Naifa porque nos retrata a sociedade que escolhemos para viver e a Worldmusic de Lula Pena pelo lirismo único que exala das mãos e da voz desta lisboeta nascida do fado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

É tudo uma questão de equilíbrio?

O Beijo - Gustav Klimt (1907-8)

Cada sexo tem uma relação com a loucura. Cada desejo tem uma relação com a loucura. Mas parece que um desejo tem sido tomado como sabedoria, moderação, verdade, deixando para -o outro sexo o peso da loucura que não pode ser reconhecida ou considerada. Luce Irigaray
Ou será mesmo loucura de alguns? Neste caso de todos/as por aceitarmos uma sociedade tão dividida...A diferença entre os sexos será mesmo necessária? E de género faz algum sentido?
Se nas formas primitivas das comunidades foi essencial há sobrevivência da espécie, agora que vivemos em sociedades supostamente desenvolvidas porque continua a ser tão evidente esta diferença?
A resposta está longe de ser biológica é por isso mais social, pela maneira como nos organizamos para produzir, consumir e reproduzir. O nosso futuro só pode passar por uma sociedade alternativa, por isso mais igualitária e também mais sustentável. Esta já foi...










sábado, 26 de novembro de 2011

Prazer sem ter de gastar dinheiro

Para mim é mesmo um prazer descobrir pequenos recantos mágicos nos sítios que eu já conheço, pode ser aldeia, cidade ou região.
Como passei parte dos meus últimos 16 anos a viver entre Lisboa e o Alentejo, já conheço/percebo alguma coisa de Lisboa, mas considero que só conheço porque gosto de viver os sítios por onde passo...pois quem me conhece sabe que gosto de meter o meu nariz em todo o lado. A verdade é que ao contrário do caracol sou mesmo irrequieta, aliás sou a antitese daquele mito urbano de que os alentejanos são lentos, em pequena já lutava contra a sesta! Mas respeito muito aqueles que lutam por esse direito até porque o calor entorpece e trabalhar com mais de 40º e sem ar condicionado não é pêra doce!
Há pouco tempo fui ao Museu da Cidade e descobri o Jardim Bordallo Pinheiro, uma obra de remodelação recente do antigo jardim do Palácio Pimenta, inaugurada em 2010.
A criação e génio artístico de Joana Vasconcelos valem a pena ser vistos ao vivo e não há desculpas porque não se paga e as crianças vão adorar!
Eu adorei a magia e quero levar lá os meus sobrinhos.
Só esta foto porque não quero ser desmancha-prazeres e estragar a(s) magia(s) na possibilidade de serem  surpreendidos por uma caracoleta gigante como eu fui!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Otimistas em tempo de crise

É a imagem deste vídeo excelente que define o serviço social!



Eu gostei mas ainda há quem prefira uma imagem mais negativa, mesmo compreendendo que as imagens que vemos no nosso dia-a-dia profissional nem sempre são as mais anímicas e muitas vezes estão no limiar da dignidade humana, ou muito a baixo.
Apesar das tentativas ainda não encontrámos a poção mágica para rejuvenescer os que envelhecem, nem para tratar doenças crónicas, como o HIV ou o cancro, também ainda não encontrámos as respostas para combater a discriminação, mas todos podemos contribuir para uma sociedade mais solidária e mais justa, basta trabalharmos em primeiro lugar para termos sociedade. Logo a seguir virá a qualidade de vida?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Da alma

Alentejana...
Uma para acalmar os nervos, porque o povo do alentejo sabe como a vida é dura!
Não sei porque gosto disto, tranquiliza e aliena, gosto!

sábado, 19 de novembro de 2011

Se calhar vou à missa

A propósito dos cortes no D. Maria II lembrei-me que o melhor é ir à missa e aproveito para fazer trabalho pró bono, contribuindo assim para o diagnóstico da gestão familiar e quotidiana dos desleixados.

Divulgo aqui uma Checklist de "luxos" para pobres, ferramenta útil para assistentes sociais vinculadas à operação fome zero e outros programas de cariz socio-assistencial e também para os portugueses em geral, eu própria incluída:

- jantar num restaurante, aliás jantar porque comer sopa e fruta é mais saudável, para o almoço nem se pergunta "Vá à cantina/refeitório mais próxima/o!".
- dar presentes(ou prendas conforme) de natal aos filhos ou sobrinhos ou outras crianças, a não ser que seja um punhado de clementinas e duas nozes (bolotas para os alentejanos). Para simplificar os brinquedos estão proibidos, são uma espécie de pecado.
- Ir ao cinema, ao teatro, a um museu ou afins e ver a televisão dos ricos (com uma mensalidade paga para assistir à transmissão e cujos operadores por norma têm 3 digitos, deve ser uma regra concorrencial). Aproveite a programação que aí vem do canal 1, pois promete diversidade! Se não gosta de propaganda tenha paciência.
- Ter telemóvel, uma mensalidade em comunicações e acima de tudo falar com alguém por telemóvel ou telefone. É caso para dizer "Não fale, mas vá!", se estiver muito longe tenha paciência.
- Ir, ou andar dum lado para o outro, viajar e não só, andar de transportes é mesmo um luxo! Se pode ir a pé ou de bicicleta (eu já aderi), vá! Se esta opção não for acessível, especialmente para os séniores que já estão habituados a estar sós e abandonados, escreva uma carta, um postal ou um telegrama. Se ao fim deste tempo todo e de tantas oportunidades ainda não sabe escrever peça ao seu assistente social que fica mais barato, OK?
- Não aprender chinês e não melhorar os conhecimentos de inglês, o futuro está lá fora à nossa espera se não agarrarmos as oportunidades é porque somos cegos ou preguiçosos.
- Comprar roupas e calçado, aprenda a costurar! E se só sabe bainhas e botões como eu, vá ao baú da mãe e da avó, adira ao vintage! Se não tem baús em casa, tenha paciência e aceite tudo o que lhe oferecerem, porque as calças à boca-de-sino estão na moda e "a cavalo dado..."!
-Não ir à missa aos domingos, porque é de borla e alimenta o espirito, que é um ente faminto e pecaminoso constantemente alienado pelo corpo hedonista e as necessárias tentações do consumismo!

(Como não tenho muito sentido de humor inspirei-me na sensatez de alguns ministros, pareceu-me mais económico)

A banda sonora perfeita para atender utentes é mesmo esta...excessos à parte, como ter um animal de estimação e andar de transportes públicos!



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O raio da sementinha ou a minha fraca pedagogia?

Se eu não sou capaz de explicar ou ensinar a reprodução humana à minha sobrinha?
Ou preciso de tempo ou há qualquer coisa errada em mim! Provavelmente é o século XXI.
Hoje a minha sobrinha insistiu novamente na ideia de que eu devo ter um bébé, foi nestes termos que anunciou à minha mãe:
"Avó a madrinha vai ter um bébé?"
Eu "Para quê?"
"Para eu cuidar"
Eu "Mas sabes como nascem os bébés?"
"Sei, da barriga das mães!"
Eu "E como se fazem?"
"hummm" hesita "Éééé uma sementinha!"
Eu "Uma sementinha???" muito pronta "Mas quem tem essa sementinha?" (confesso que esperava que respondesse que era o meu namorado)
... depois de pensar algum tempo responde-me: "Os enfermeiros e os médicos!"
OOOOOOOPPPPPSSS, pensei ou é contra-informação da TV com aquelas políticas da PMA/RMA ou é ficção científica??? Não, é mesmo o século XXI e as suas nuances que requerem uma actualização dos manuais de educação sexual.
Vivemos no século da informação, mas faltam os conteúdos úteis e eficazes, enfim falta a objectividade necessária nestes casos!
Eu nasci nos anos 70 e na altura li um livro muito objectivo, mas descobri agora que afinal era de vanguarda (eu já desconfiava), pois era bastante explicito e pelos vistos censurado (resta saber por quem) e nunca mais voltou a ser publicado em Portugal. Tenho de ir ao sótão e aos báus procurar o dito livro verde, que é outra reliquia que tenho de guardar com o vinil do Jardim Jaleco!
Faz-se aqui uma análise detalhada do conteúdo desse livro e reclama-se a sua (re)publicação, mas por favor não se esqueçam da PMA.
 "Como se fazem os bébés?" de Per Holm Knudsen é dinamarquês e vale a pena rever 40 anos depois da data da primeira publicação, trouxe e traz alguma polémica para as mentes mais conservadores e no início deste século o que não faltam são essas mentes.
Aqui mais imagens, com tradução em espanhol...
Anatomias à parte, as ilustrações de PHK são esclarecedoras e muito úteis!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Se calhar vou ao teatro

Sim, se calhar porque do cinema, já decidi, não vou abdicar!
São duas propostas irresistíveis para o (pouco) tempo livre, como não consigo eliminar esse pouco da minha vida.
Faço um esforço para que calhe mas só posso escolher uma das peças...
Até 20 de Novembro no São Luiz "Dias a Fio"
A partir de 27 de Novembro no D. Maria II "Quem tem medo de Virginia Wolf?"

Ananim-ananão...(isto às vezes custa)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os LED animam a minha vida

Quero a minha vida mais colorida...e encontrei este acessório que preenche os requisitos de animação da House of Love!
Vou já escrever ao Pai Natal.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A luta está na moda?

Gostei desta campanha publicitária, mas até que ponto é que a moda pode quebrar tantos estereótipos.
A Fracomina inspirou-se no neo-feminismo da "Slutwalk" para esta campanha de inverno. A luta está mesmo na moda!
E como este ano não há dinheiro para os trapos é melhor irmos para a rua gritar!




A tradução que falta...


"Sou a Clara, gosto de mulheres e não gosto de motores"

"Sou a Mónica, estou na política e não vou para a cama com ninguém"

" Sou a Eva, gosto de maçãs e não cedo sempre às tentações"

"Sou a Maria, não sou virgem e tenho uma forte espiritualidade"

"Sou a Ema, tenho três filhos e sou chefe no meu trabalho"

"Sou a Madalena, sou prostituta e não sou uma rapariga fácil"

(a mais polémica estava a ser dífícil traduzir, é preciso conhecer o estereótipo...)

domingo, 30 de outubro de 2011

Os mais aguardados....

Tão aguardados que quase chegavam a Portugal só no próximo ano...
É a periferia chega tudo mais tarde.

Então por esta ordem, as próximas estreias estão previstas para:
17 de Novembro de 2011 - "La piel que habito" de Pedro Almodóvar
1 de Dezembro de 2011 - "Melancholia" de Lars Von Trier
22 de Dezembro de 2011- "Le gamin au veló" (O miúdo da bicicleta) de Jean-Pierre e Luc Dardenne

"A pele que habito" será uma experiência de Almodóvar no género thriller, por isso à partida só posso gostar, porque mistura Almodóvar e um género de que gosto bastante. Se tivésse ido ao centro da Ibéria, ali mais ou menos em Badajoz, já tinha visto porque estreou a 9 de setembro, mas a falta de tempo...

Do filme "Melancholia" não tenho tanta expectativa, para mim Lars Von Trier só se deve ver de 10 em 10 anos, porque é tão absurdo o retrato que faz da nossa existência que depois de um filme dele nada volta a ser como antes, consegue ter muito impacto mas à custa do sofrimento que somos levados a viver. No ano passado vi finalmente o "Anti-cristo" e prometi que não voltaria a ver outro filme do dinamarquês tão cedo. Mas desse filme misógino ficaram as excelentes interpretações de Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, que podemos rever em "Melancholia" no papel de irmã de Kirsten Dunst. É só esperar para ver...

Por fim o mais aguardado para mim é mesmo "O miúdo da bicicleta" dos irmãos Dardenne. São sem dúvida os meus realizadores preferidos e voltam a um tema que tratam de forma recorrente, a filiação.
Como gosto e comprei "quase" toda a sua filmografia,  excepto "A Promessa" que está indisponível...
Este é daqueles filmes que consegue deixar-me expectante...

Melhor romance...

O documentário de Miguel Gonçalves Mendes "José & Pilar" foi o melhor romance que vi...claro que não é nenhuma ficção mas eu tento sempre valorizar mais a realidade do que "ficções" (já me chega quando ando com os pés bem assentes no ar!) Adorei este filme e um dos motivos é porque gosto muito de ler Saramago, mas mesmo que não gostassse esta seria sempre uma belíssima história de amor.
Este documentário é sobre o amor, sobre o amor que não mata mas pelo contrário faz viver. Este amor é com certeza aquilo que todos procuramos, pelo menos assim que passamos a adolescência!
Se Saramago encontrou o amor depois dos 63, ainda há esperança para quem ainda não encontrou o amor.
"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" - José Saramago, A Viagem do Elefante
Será mesmo assim?


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mais uma menina que se fez mulher

Princesa fizeste 18 anos este ano e já sabes que és mulher ou pelo menos pressentes, pensas que todos os amores que valem a pena são impossíveis e isso vai adiando a tua maturidade.
Não sabes nem queres saber o caminho para o amor para a vida, contos de fadas e princípes encantados não existem, já descobriste isso há muito tempo.
Amar é uma tolice, mas a verdade é que já sofreste intensamente e também te entregaste totalmente....então afinal parece que acreditas que só os amores impossíveis valem a pena.
Tens 18 anos apenas e é muito cedo para falar em violência no namoro, mas pensa bem quantas vezes já te sentiste sob ameaça, forçada ou humilhada por amor...Por vezes até desvalorizada ou ignorada?
Quantas vezes não nos sentimos só uma bonequinha ao lado de alguém que faz questão de nos exibir. Sim, a beleza tem um preço e muitas vezes somos nós que o pagamos. Às vezes estamos convencidas que seduzimos alguém, mas esse alguém que por acaso é homem, é impiedoso quando quer conquistar a beleza...joga a valer.
Vais aprender que beleza e dignidade fazem todo o sentido juntas, são inseparáveis, nasceram uma para a outra. Até descobrires isso respeita-te primeiro para que te respeitem.
Quando encontrares alguém, o teu próximo amor, faz este balanço:
se ele comenta:
- O que vestes;
- A maneira como olhas para outros rapazes;
- A maneira como andas;
- A maneira como falas quando te irritas;
- E até a côr do teu cabelo...
Se ao mesmo tempo:
- Ouve os teus desabafos
- Pergunta como te sentes
- Telefona quando tem saudades
- Ouve a "tua" música ou vê o "teu" cinema
- Não critíca as/os tuas/teus amigas/os
Talvez valha a pena...

Esta música estava a passar na rádio e lembrei-me de ti, sei que não gostas desta música, porque como me dirias é antiga ou velha, que ainda é pior. Não tenho culpa que tenhas nascido só em 93 e que para ti todas as músicas com mais de 3 anos sejam velhas.
A verdade é que esta música faz-me lembrar o amor adolescente, assustadoramente frio e violento, mas ao mesmo tempo doce e inocente.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Melhor drama....


Vênus Negra - CartazA "Vénus Negra" de Abdellatif Kechiche foi um dos melhores dramas e ao mesmo tempo o mais violento. Uma surpresa já que o filme que conhecia deste realizador, para o género drama, consegue ser poético. Para abordar a integração de uma comunidade argelina em Marselha, que foi atingida pela precaridade, a discriminação e a aculturação, o realizador recorre a um móbil " o segredo do cuscuz " para evidenciar a solidariedade e os valores desta comunidade, esse segredo é aquilo que os une.

Como "Vénus Negra" pareceu-me um título muito sugestivo e como passava no King, um dos meus preferidos, nem perdi tempo em argumentos e críticas.
A verdade é que na primeira hora pensei várias vezes se eu merecia aquela tortura...mas fiquei e vou repetir mais vezes.
Este filme baseado na história verídica de uma "indigena" que vem para a civilização europeia, a mais avançada do século XIX, mas acaba exposta como um animal de circo. Indigena porque é assim que é tratada pela justiça inglesa e pela ciência francesa, justiça e ciência são neste caso dois pilares duvidosos da nossa civilização democrática...
Violento porque retrata precisamente essa civilização naquilo que tem de pior, a necessidade de dominação cultural enquanto veículo para a dominação económica e que naturalmente se sobrepõe ao direito a ser diferente, neste caso ao nível étnico e racial. Sim este filme é sobre racismo, sobre exploração e exploração sexual, como confirma a brilhante atriz Yahima Torres.
Vale mesmo a pena ver até ao fim, porque no final percebemos até que ponto podemos ainda hoje ajustar contas com o passado. É aí que ficamos a saber que, até aos anos 70, os restos mortais da sulafricana Saartjie Baartman ( a vénus negra) estiveram expostos no Museu do Homem em Paris e que foi Nelson Mandela quem, depois de 94, travou uma batalha política e judicial contra o estado francês...

A Yahima Torres é uma grande revelação, o realizador confirma a sua grandeza e se não fosse tudo perfeito, seria sempre mais uma oportunidade para ver mais uma excelente interpretação de Olivier Gourmet.
De referir que Abdellatif Kechiche é um francês de origem tunisina, talvez ele tenha uma sensibilidade apurada para tratar o tema da diferença, mas não escolheu a vénus e levou mais de dez anos a pesquisar para este filme por acaso e é aí que está toda a magia...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um ano de filmes...

Um ano que termina como começou, porque é assim que deve ser, com o Doc Lisboa.
O festival que tem sido um sucesso, que já tem muitas sessões esgotadas, infelizmente só posso ir a três e comprei bilhetes com antecedência.
Apesar da crise nem tudo acabou! Há vida para além da crise!

Se vi  bons filmes, claro que sim!
Se a realidade que nos apresentam, apesar de questionável, consegue ser sempre tão fastidiosa valha-me o olhar de alguns realizadores que me inspiram.

Os mais divertidos...(para mim foram-no porque além de boas sátiras foram excessivamente "sociais")

Em Mammuth Depardieu interpreta um pré-reformado que na tentativa de juntar as provas dos seus descontos vai regressar ao passado para refazer a sua trajectória ocupacional precária e desqualificada. Ao encontrar a sobrinha neo-hippie descobre uma razão para ingressar na universidade.
Soberbo é o famoso sistema corporativo francês, já que só lhe faltavam uns pontos para se poder reformar, mas em resposta às falhas do rigoroso sistema surgem as artimanhas que a sobrinha e o seu falecido pai, irmão de Depardieu, encontraram para contornar o bendito sistema.
Mas também tem um lado menos divertido, o espirito da bela namorada que assombra Depardieu e que morreu num acidente de mota, este filme foi dedicado à memória do filho de Gerard que morreu com apenas 37 anos.

A Igualdade dos Sexos uma crítica aos vícios do sindicalismo, que acompanha as reinvindicações de um grupo de trabalhadoras da Ford, em Inglaterra, quando descobrem que são consideradas não qualificadas. As mulheres responsáveis pela produção dos bancos não se conformam e param a produção, só de um sector (quase impossível hoje em dia já que a produção está tão segmentada, espalhada pelos quatros cantos do mundo) exigindo a participação nas negociações do sindicato.
Mas a luta destas mulheres estende-se até casa porque a maioria dos maridos (breadwinners) estavam nos outros sectores masculinos...para os quais os sindicalistas tinham negociado melhores condições de trabalho.
(Se não fosse pelo filme teria sido só pela sala, porque valeu a pena ir ao Atlântida Cine, em Carcavelos, pela primeira vez para ver este filme. Tivémos direito a intervalo, campainha e luzes!)



Desta série, dos mais divertidos, adorei "A dondoca". A história da menina burguesa que afinal é uma mulher de armas, que destrona o marido da gestão da fábrica, que ela herdou do pai, para modernizar a produção. Claro, com a ajuda dos filhos! A filha que me desculpe mas só me lembro do belissímo Jérémi Renier.

Oh, o Terrence Malick e o Woody Allen que me desculpem, nem é nada contra os americanos mas gostei mais dos franceses pelo menos neste género! Eles devem se estar nas tintas para o que gostamos desde que ganhem os awards ou oscares....ou lá o que é aquela cerimónia impostantíssima...nem durmo nessa noite!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A reprodução humana explicada às crianças

O mundo fascinante das crianças leva-nos a interrogar muitas vezes o que sabemos ou julgamos saber sobre a vida, mas sobretudo para aqueles que tem o privilégio de vivenciar ou acompanhar o seu crescimento e desenvolvimento mais de perto, a ver o mundo com outros olhos. Mas para isso é preciso uma boa dose de coragem, para tirarmos os nossos óculos e lentes riscasda e vermos com as suas minuciosas lupas.
Há poucos dias enquanto o meu namorado tentava convencer a minha sobrinha, pela centésima vez, de que o Sporting é o melhor clube português, a petiz respondeu-lhe como sempre com o seu clubismo benfiquista. Ao que o meu namorado respondeu que os leões são mais fortes, mas a minha sobrinha sabe que as àguias dominam e respondeu "A àguia voa e pica o leão!". A minha sobrinha considera o argumento : "As meninas bonitas são do Benfica e os meninos maus do Sporting!", que lhe tentei ensinar para responder ao meu namorado, pouco adequado ou muito complexo. Das duas umas ou não nos acha particularmente bonitas ou não acha o meu namorado mau (sim, porque é que eu havia de me apaixonar por alguém mau???), ou apenas como bem me avisa tantas vez "Isso é ridículo madrinha!".
O meu namorado é que ainda não estava satisfeito continuava a argumentar com uma menina de cinco anos sobre a sua paixão pelo Sporting e quando parecia que ía levar a melhor...a minha sobrinha lança o seu maior trunfo " Olha e eu vou ser mãe!"
É perfeita a sensibilidade da minha sobrinha para a superioridade das mulheres...Claro que a minha sobrinha já fez uma incursão pelos feminismos, quando a minha irmã decidiu comprar-lhe um livro brilhante de introdução à emancipação feminina "A princesa espertalhona".
Mas pensei eu para comigo o que é que se passa na cabeça da minha querida afilhada? Nada que qualquer psicologo do desenvolvimento não consiga explicar e bem, pois a minha sobrinha acabou de fazer 5 anos e por mimetismo ou não resolveu apropriar-se recentemente do papel de mãe e informar toda a família.
É bom e saudável e agora afirma que não pode sair de casa porque tem de cuidar do bébé, pode ser até um bom treino de altruísmo que falta tanto às crianças e jovens das nossas sociedades, mas é importante colocar um limite.
Assim parece-me apropriado que na minha qualidade de tia e madrinha dedique algum tempo a trocar a reprodução humana por miúdos" à minha sobrinha. Vou aproveitar um livro que comprei no ano passado para abordar este tema tão interessante e que por coincidência é mesmo para crianças dos 5 aos 7 anos.
De Thierry Lenain e Delphine Durand "A Joaninha quer ter um bebé", da Dinalivro.


- Anda, vamos fazer um bebé! Diz a Joaninha ao Max. Que ideia tão maluca! E o que é que a professora vai dizer quando vir a grande barriga de Joaninha?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Encalhadas? Não!

Livres e felizes!
Desquitadas? Também não?
Com experiência e exigentes!

Porque é que estar só é melhor que estar mal acompanhada?
Deixamos de ser mães a tempo inteiro, ou melhor, assistentes pessoais.
Passamos a ter mais tempo...
A ver só os filmes de que gostamos...
A ouvir só a música que nos apetece...
A ir só aonde queremos...
A estar apenas com quem nos faz sentir...
Sobretudo deixamos de estar na expectativa que nos digam o quão maravilhosas nós somos...
E passamos a ter um papel mais activo na nossa própria vida!
Isto não é suficiente???

Só se formos lá assim com uma espécie de fé cínica!


Não quería nada, mas hoje é assim que me sinto...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

E depois há países assim...

Como o nosso "lusomundo" onde o caos reina e a desordem governa.
Fica a esperança numa evolução tardia mas necessária para um verdadeiro Estado governado pela disciplina, que por enquanto não passa da mais bela utopia sepultada pelo fim do estado social e pelo renascimento do liberalismo. 
Se entretanto os partidos não desaparecerem com a onda da "indignação", fica o desafio de Daniel Bensaid
"Hoje, estamos muito longe, na maioria da esquerda revolucionária, de uma disciplina militar e dos seus mitos. A questão da disciplina é secundária à da democracia: a unidade (disciplina) na acção é o desafio que distingue a deliberação democrática do tagarelar e da simples troca de opiniões."

Se assim não fôr daqui a uns vinte anos bem posso declarar-me anarquista.

Há amores assim...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Há sítios assim...

 Têm das melhores praias...
 Os restaurantes mais românticos...
 Um pôr-do-sol inebriante...
 E a casa dos meus sonhos...

sábado, 8 de outubro de 2011

Ansiosa...

Pelo Doc Lisboa...São tantos dias (10) com uma oferta tão variada.
Não vou faltar ao melhor festival de Lisboa, este é sem dúvida um dos meus géneros preferidos!
Interessam-me "Vodkafactory", "Marxism Today (Prologue)", "Con la licencia de Diós", "Honk", "Client 9: the rise and fall of Eliot Spitzer", mas tenho de definir prioridades porque isso ajuda-me a diminuir a tal ansiedade (a verdadeira)!
Não vou resistir a "Honk", está decidido!

sábado, 24 de setembro de 2011

Gostos não se discutem


Concepto de Metropol Parasol

Quando estive em Sevilha no ano passado pude ver máquinas e obreiros atarefados que erguiam uma enorme estrutura de madeira suspensa sobre a Plaza de la Encarnácion. Aí fiquei especada a olhar para o monstro de madeira e a especular se iría ser substituída por betão. Bem se vê que não percebo nada de arquitectura, de tecnologia e muito menos de estruturas sustentáveis.
Um ano volvido e o monstro daría lugar a um impressivo princípe, o Metropol-Parasol. Não arrisco chamar-lhe belo, até porque gostos não se discutem, mas sem dúvida que é impressivo. 
O projecto para o Metropol-Parasol de Sevilha foi lançado em 2004 e só foi inaugurado em Março deste ano, mas esteve sempre envolto numa enorme polémica, parece que a controvérsia é mais estética, portanto ligada ao gosto, do que prática, associada à sua funcionalidade.
Esta estrutura, apelidada pelos locais de cogumelos (setas), preencheu um espaço central desta cidade trazendo mais e melhor vida para um pólo arqueológico e histórico. É óbvio que as cidades precisam também de espaços mais desafogados e verdes, mas quando as vistas desafogadas só nos oferecem uma balbúrdia de carros mal estacionados, trânsito caótico e prédios desalinhados e revoltos, então precisamos de beleza, é isso que a arquitectura nos pode oferecer nestes casos.
A primeira vez que vi estas estruturas foi em clarke quay em Singapura, eram de ferro e acrílico e como à noite estavam iluminadas com leds formavam um cenário muito moderno e ideal para os notívagos que deambulavam pelos bares.
No caso do Parasol o efeito waffle torna-o tão apetecível e a sua tridimensionalidade contrasta com a monotonia da arquitectura local, para animar uma paisagem urbana deprimente é preciso cortar com as retas e a tradição.
Gostava de ver uma estrutura destas em Portugal, como no alentejo só poderei vê-la em sonhos, já a começo a imaginar em lisboa, naquelas avenidas, praças e pracetas pombalinas, que têm tanto de racionalidade como de bafiento ou a engalanar as ruínas da bela colina de alfama ao castelo.
Uma das funcionalidades principais do Parasol era fazer sombra, e sabemos como ela é importante no caliente sul da península, no entanto acabou por gerar polémica suficiente, conquistando uma segunda funcionalidade, a atracção de turistas. Sevilha vai continuar a criar novos projectos numa rota de competição que pretende fazer sombra às melhores capitais do turismo europeu.
Como em Sevilha entre a tradição e a modernidade também nós precisamos de um grande dose de audácia!




sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pior que não cantar

Pior que não cantar
é cantar sem saber o que se canta

Pior que não gritar
é gritar só porque um grito algures se levanta

Pior que não andar
é ir andando atrás de alguém que manda

Sem amor e sem raiva as bandeiras são pano
que só vento electriza
em ruidosa confusão
de engano

A Revolução
não se burocratiza

 Mário Dionísio, Terceira Idade (1982)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Há algo de precioso na tua maneira de ser…
Também quando olho mais profundamente para mim consigo reconhecer essa voz interior.
Então já não é o apelo de ti que me chama
É o encontro de duas almas
Encontradas num lugar qualquer
Longe…
Bem longe…
Em qualquer paraíso
Aí mesmo onde a morte nos visitou.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Compreender

O bichinho estava lá desde que começei a dedicar-me à história do serviço social e lá estava a tal pergunta: qual o significado do "social" no final do século XIX e no início século XX?

Assim há dois anos decidi que queria conhecer melhor a história da Europa entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, mas não seria certamente através dos tradicionais manuais de história, mas sim da obra e memórias dos seus maiores pensadores, podiam ser escritores, filósofos, historiadores e até pintores. Para tal começei por escolher um país, ou melhor uma lingua, e o francês pareceu-me o mais indicado, depois, ao acaso, foram surgindo os autores, em feiras, bibliotecas e até no arquivo lá de casa. É curioso como vasculhamos tudo à procura de um autor e ele foge-nos, enquanto outros estão sempre ali a insistir connosco.
Além do meu objectivo principal também tinha preferência pelo reconhecido mérito destes autores na esfera literária. Assim o primeiro a cumprir os requisitos é sobejamente conhecido e aclamado, Albert Camus. Depois do primeiro livro "O estrangeiro" vieram outros livros de Camus e o que mais me impressionou foi "A peste", esse terrível retrato à condição humana sob ameaça, suspeição e dominação. Quando o medo supera o valor da vida e a ameaça da epidemia mantém todos sob suspeita. muitos perdem a esperança e outros conseguem resistir.

Logo a seguir senti que precisava de um autor menos consensual e com bastante crítica, a melhor solução foi olhar atentamente para o arquivo lá de casa e "Os sinos de Basileia" de Louis Aragon foi sem dúvida uma exclelente opção.
Aragon na sua longevidade conseguiu deixar-nos uma vastíssima obra, mas não nos iludamos pois não foi só porque viveu quase o dobro dos anos de Camus que nos deixou esta obra, mas sim pelo seu brilhantismo. Quando perguntaram a Jean Ristat, em 2003, de que viveu Aragon? A resposta foi clara dos seus direitos de autor, não morreu rico, mas isto diz-nos alguma coisa sobre a sua dimensão intelectual.
Conhecido essencialmente por pertencer ao movimento surrealista ficaria fora da graça, provavelmente,  porque a sua fase realista inclui-se no realismo-socialista. Mas para quem como eu procura rever a história, ou um certo olhar sobre...e ao mesmo tempo se sente suficientemente satisfeita com este estilo de escrita, mais realista, Louis Aragon torna-se incontornável.
"Os sinos de Basileia", de 1934, incluído na coleção "O mundo real" narra o início de século que antecede a primeira guerra mundial, as suas ilusões e contradições, a partir da vida de três mulheres. A primeira mulher deste romance é Diane que vive de acordo com a sua condição feminina uma vida fútil e à mercê da vontade de todos, a segunda é Catherine que sendo mais crítica que a primeira acalenta a esperança de viver a sua própria vida para além da sua condição, por fim Clara a quem Aragon chamou "a mulher dos tempos modernos".
Do livro e sobre Catherine, entre muitos, deixo estes excertos muito bons...são duas belíssimas caricaturas...do anarquista e do revolucionário-comunista
"É certo que Catherine sentia como uma tara, como uma espécie de pecado, aquela sua impossibilidade de abandonar realmente a sua classe, aquilo que a ligava ao universo limitado da rua Blaise-Desgoffe. Eram bem estranhas as relações que mantinha com Libertad (o amigo anarquista). Parecia-lhe estar a brincar às princesas em visita à arraia-miúda. No entanto, sentia-se mais próxima daquele homem do que de Mercurot. Mas tudo entre eles acabava num certo ponto. E com outros, era ainda pior.
Uma das coisas pelas quais Catherine se sentia reconhecida a Libertad, e que a fazia sentir à vontade, foi que ele pusesse de lado o problema das classes. A concepção socialista que corta o mundo ao meio, como uma maçã, ficando de um lado os explorados e de outro os exploradores, sempre a tinha irritado. Onde situar-se? Ela não explorava ninguém, mas não era uma operária.
Pois Libertad dizia que tal distinção era absurda. Havia duas classes: a dos que trabalham para a destruição do mecanismo social e a dos que trabalham para a sua construção. Por conseguinte, em ambas se encontra operários e burgueses. Catherine, pelo facto de ser frequentadora da rua de la Barre, sentia-se do lado bom. Consolação intelectual."
A propósito do suicídio de Paul e Laura Lafargue, Catherine discute com Victor (um motorista militante do movimento operário e também um dos seus amantes)...
"Batia com o punho na mesa. Catherine, com aquela voz doce e surpreendente para os franceses, tentou defender não só Paul e Laura, mas o suicídio. Que havia um preconceito cristão...Victor interrompeu-a violentamente: Que é que está para aí a dizer? Tirar força à Revolução, lá porque se teme a doença, ou a velhice, ou seja lá o que for, um preconceito que eu tenho?...Ah! Sim um preconceito de classe, da minha classe, daquela que vai para a porrada, e que não quer que os combatentes se distraiam! O suicídio, é recalcitrar perante os obstáculos. Que é que tanto teme um proletário que sabe que é proletário, isto é, um militante da sua classe, para querer contra ele próprio, isto é, contra uma parcela da sua classe, dar razão ao adversário, à burguesia, suprimindo-se? Quem se mata são os burgueses.
- Há desempregados que se matam, murmurou Catherine.
- Para começar esses são empurrados para a morte. Parece mais um assassinato do que um suicídio. E depois, se esses camaradas se matam, é porque não sabem como lutar contra a miséria, porque julgam que nada no mundo pode mudar, e então, deixam a vida. Foram vocês que lhes meteram nas cabeças, à força de resignação, cristã ou não, essa ideia e eles estoiram por causa disso. Mas se tivessem consciência..."

Curioso é que encontrei aqui mais sobre Basileia...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O amor segundo Iggy

É assim o amor e a vida conjungal, é tudo tão simples!

Não sei onde tenho ou melhor por onde anda a banda sonora do "Arizona Dream", mas hoje este video passou na tv e fiquei assim...nostálgica.  Apetecia-me ouvi-la toda até à exaustão.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Das férias perfeitas

Das férias da minha infância e de boa parte da adolescência guardo a memória de um tempo que parecia não ter fim, o tempo da minha liberdade que já foi infinita. Era então o tempo da biblioteca itinerante da Gulbenkian, da hora da sesta fingida, de aprender os lavoures femininos e sempre que era preciso de ajudar no pequeno negócio da família, mas acima de tudo de descobrir, subir às árvores, andar de bicicleta até cansar, tomar banho num charco qualquer e sonhar. O final do dia perfeito dessas férias tão distantes era à “fresca”, com os pés descalços e em brincadeiras nocturnas que só terminavam quando os pés tinham uma cor suficiente negra e aspecto esquálido. Como alguns apenas podem imaginar… asfalto e pés descalços resultam numa combinação imperfeita, numa estética paradoxal que poderíamos classificar no limiar do surrealismo, não fosse para tantos tão real. Estávamos na década de 80 e só mais tarde, na década de 90, fiquei consciente que pés descalços rimavam melhor com terra e com areia, mas para isso foi preciso aprender que asfalto rima com progresso e pés descalços com pobreza extrema.
As férias incluíam sempre uma visita prolongada aos familiares que, tendo partido há alguns anos “da terra”, viviam perto da nossa costa. E não por pura ironia, nem acaso, e isso agora pouco importa…pois para minha felicidade viviam quase todos! Por isso quando não ficava perto do Estoril, ficava perto de Sintra. Na Parede irritava-me com a obrigatoriedade de entrar no mar com sandálias só porque fazia bem aos ossos! Mas acima de tudo porque entrava por cima de uns pedregulhos que pareciam, aos meus olhos de criança, verdadeiros gigantes de pedra, com as suas saliências pontiagudas. Na Linha, e com o passar dos anos, passámos a ter preferência pela praia do Casino, a do Tamariz, para os locais. Perto de Sintra é das Maçãs que guardo as melhores recordações de quando era temerária, porque foi aí que, ironicamente, aprendi a respeitar o mar.
Entretanto as férias grandes foram passando e chegou a adolescência!
Numas férias grandes, devia ter uns onze anos, aterrámos (eu e a minha irmã) na Encarnação, perto dos Olivais. Passei as minhas férias “encantada” entre o novo Centro Comercial da Portela e as Piscinas dos Olivais. Nesse ano a maior parte dos mergulhos foram menos salgados é certo, mas a possibilidade de observação da diversidade da espécie masculina, por aquelas bandas e na minha puberdade, tornou estas férias mais aliciantes.
Regressemos às férias no Alentejo que entretanto, no final dos anos 80, fora invadido por piscinas municipais, obras da adesão à CEE. Como já éramos suficientemente crescidas para formarmos bandos de raparigas de maiô* que coloriam as águas monótonas desses equipamentos municipais, os mergulhos tinham agora uma nova rota. Assim passámos a ir a banhos mesmo por aqui. As férias passaram a incluir, entre as outras actividades, o périplo das piscinas municipais, Fronteira, Estremoz, Vila Viçosa, Monforte (muito popular na altura) e até Évora, faziam parte do nosso Roteiro. Os nossos pais combinavam turnos para os transportes, uns levavam outros traziam, até que chegou o dia da via para a emancipação (aos quinze e para a minha irmã, que tinha licença, aos dezasseis) e decidiram compraram-nos uma “acelera” para combater os males da interioridade.
Também porque já éramos mulherezinhas, quer dizer adolescentes, os nossos pais passaram a autorizar a nossa deslocação ao fim-de-semana, sempre em bandos heterogéneos, “às praias” de Tróia. O bando não era um grupo de delinquentes, mas obedecia a alguns princípios que podemos observar nesses Ganges, eram uma instância de protecção e hierarquias das mais velhas em relação às mais novas, das quais supostamente cuidavam.
O fim das férias acabava sempre em beleza, com pelo menos cinco dias de acampamento no Avante! (A Festa, o que hoje se chama um Festival). O que parece uma contradição, por que o fim daquilo que é bom pode deixar-nos tristes e ansiosos, mas não era o caso…. A Festa tinha a função de impulsionar a vontade de voltar às aulas e ao trabalho. Ainda hoje tem essa função, a Festa do Avante! é o meu momento de religiosidade, ou se preferirem de peregrinação. Foi lá que aprendi gestos de solidariedade, camaradagem e tolerância, mas acima de tudo a acalentar a esperança num mundo melhor. São as esperanças que nos fazem regressar e principalmente fazem-nos crer e saber viver.
Das férias quero guardar sempre essa possibilidade de liberdade infinita, que neste momento passa por estar só comigo, por pensar só em mim e principalmente só por mim, ainda que às vezes esses pensamentos me arrastem para uma dimensão de loucura, ou melhor de fantasia e ilusão, que é mais saudável para mim do que o mundo real. Sempre consciente, contudo, dos limites dessa fantasia, em que os sonhos, os quais não delimitamos na nossa infância, são isso mesmo. Foi assim que passei a minha primeira quinzena de férias em Agosto, num período que parece temporalmente curto mas que passei a gosto!
As férias perfeitas já foram as férias grandes, hoje são o reencontro. Para quem se sente demasiado estúpido neste período "Cuidado!", porque isso pode ser um mau sinal...
*Nos anos 80, já havia biquínis em Portugal por isso é preciso contextualizar. Digamos que esta era a indumentária perfeita, uma vez que a maioria destas piscinas tinham como atractivo principal para os não-utilizadores masculinos, uma enorme esplanada panorâmica com vista para o colorido das meninas, transformadas assim em verdadeiras Lolitas! O biquíni parecia-nos mais apropriado para a praia em Tróia, ou a Piscina dos Olivais, enfim só mais tarde percebi que era tudo uma questão de representações e controlo social.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Operação Fome Zero - Parte I

Para quem trabalha há algum tempo, são só dez anos, sete dos quais com os pés na lama (isto porque sou uma pessoa romântica e não gosto de meter as mãos na massa, isso é para qualquer um e eu sou mais da ecologia e prefiro os pés na lama), com o lado pobre do "social" foi com indignação que reagi ao anúncio na página 91 do programa do XIX governo constitucional, a propósito de uma medida do Programa de Emergência Social "- São prioritários, em termos de entrega às famílias, os seguintes itens: alimentação, vestuário e medicamentos; ".
A tal indignação pode levar-me nos próximos tempos à simples tarefa de imaginar (é o que me resta) como operacionalizar a dita operação, sem ironias claro!
O estado em que fiquei por enquanto lembra-me constantemente esta música do JMB. O músico e compositor, cujo trabalho admiro muito, mas que assumiu recentemente numa revista de grande tiragem que afinal aquilo que dizia sobre o FMI não era bem aquilo que queria dizer, dando o dito pelo não dito, no que poderia ser uma nova doença, uma espécie de amnésiamelomaníaca que ataca sobretudo compositores do protesto, vá-se lá saber porquê? Mas isso é um caso para as ciências médicas...
Continuo a apreciar bastante...


Vou procurar algumas respostas, não científicas, para a minha indignação. Depois de "exorcisar" o meu lado emocional poderei, com a minha racionalidade, compreender.
Claro que, depois da indignação, virá a iluminação, espero que alguém me explique por palavras muito bonitas como é que a dita operação vai "tratar" dos pobres. E as palavras bonitas não me competem a mim (risos) mas sim aos cientistas sociais.

Só mais uma nota....a emergência social, conceito que entendo de uma maneira totalmente diferente, desde logo porque não é nenhum tsunami é social, assim apesar de ser emergente requer uma capacidade de acção e respostas bastante complexas... nunca me tinha ocorrido que a emergência social pudesse ser tão perniciosa, vou já devolver o dito livro à biblioteca, de um tal Sawyer que fala em teoria dos sistemas, que maluquice!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre a(s) certeza(s)

Todos temos incertezas, fazem parte da nossa vida, temos de aprender a viver com elas...as incertezas representam o grau da nossa consciência sobre o mundo que nos rodeia. Quantas mais e mais profundas, tanto melhor...
As certezas são para quem ainda está muito iludido ou mesmo alienado!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Funny, just when you think you've got all figured, in a heartbeat...changes again
Bill Pullman The End of Violence

terça-feira, 21 de junho de 2011

Viva a Presidenta!

Hoje fez-se história porque, pela primeira vez na trajectória de uma velha república mas jovem democracia, uma mulher foi eleita para o cargo de Presidenta da Assembleia da República, é caso para dizer mais vale tarde do que nunca!


Os senhores deputados da Assembleia da República estão de parabéns, votaram com uma larga maioria Assunção Esteves para o cargo de Presidenta da Assembleia da República.
Eu que anseava por este desfecho, uma mulher "forte" para este cargo, fiquei naturalmente feliz.
A sua eleição pode ser inspiradora para muitas mulheres, porque precisamos de reforçar a democracia e acima de tudo amadurece-la.
A mim inspirou-me e quase chorei de emoção ao ouvir uma parte do discurso na rádio...
Mas uma mulher não chora, isso todas sabemos!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A cultura

A cultura é um património universal da nossa civilização, a cultura é um caminho para a liberdade e um direito universal de pertença a um colectivo maior a HUMANIDADE!
Inspiro-me nas reflexões do alentejano Bento Jesus Caraça, Professor universitário e matemático, sobre o papel da cultura, consciência e liberdade.
'A aquisição da cultura significa uma elevação constante, servida por um florescimento do que há de melhor no homem e por um desenvolvimento sempre crescente de todas as suas qualidades potenciais, consideradas do quádruplo ponto de vista físico, intelectual, moral e artístico; significa, numa palavra, a conquista da liberdade.
E para atingir esse cume elevado, acessível a todo o homem, como homem, e não apenas a uma classe ou grupo, não há sacrifício que não mereça fazer-se, não há canseira que deva evitar-se. A pureza que se respira no alto compensa bem da fadiga da ladeira.(...) o que não deve nem pode ser monopólio de uma elite é a cultura; essa tem de reivindicar-se para a colectividade inteira, porque só com ela pode a humanidade tomar consciência de si própria, ditando a todo o momento a tonalidade geral da orientação às elites parciais.
Só deste modo poderá levar-se a bom termo a realização daquela tarefa essencial que atrás vimos ser o problema central posto às gerações de hoje - despertar a alma colectiva das massas.'

A cultura atingiu patamares de diversificação quer dos meios, a partir de novas tecnologias, quer das finalidades, por exemplo de lazer, que se tornou difícil de apreender enquanto expressão da alma colectiva.
Aquilo a que assistimos hoje, infelizmente, é ao domínio de uma cultura "light", mais consumível, que ocupou o lugar quer do património da cultura universal quer da produção de novas manifestações culturais e artísticas. Ao que parece a canseira da subida da ladeira deixou de compensar, hoje é tudo muito imediato e a cultura não é pão para a boca.
A cultura "light" é hoje um instrumento de alienação, uma servidão consentida e consensual; esta cultura é incapaz de criar solidariedade, consciência e de formar na liberdade do espírito.
A cultura pode ser a estética de uma época nas suas mais variadas expressões artísticas, ela é dinâmica e cumulativa ao mesmo tempo. Ela tem raízes fortes num determinado espaço e num determinado tempo, mas enquanto património colectivo passa para o referencial de diferentes épocas e de diferentes gerações.
O que mais importa é perceber se a cultura perdeu a sua função socializadora, não quero especular muito mas vou arriscar no não. Por isso defenda-se a cultura universal enquanto bem público a nível local e global!

domingo, 19 de junho de 2011

Ilha Deserta

Hoje queria estar na praia, como qualquer bom cristão, como não posso, fico-me pela imagem....
Esta tirei-a na Ilha Deserta em Faro, para quem pensa que o Algarve em Agosto é só confusão, fica aqui a prova do contrário...foi só o melhor dia de praia do ano passado!
A Ilha de Tavira também estava muito boa, mas tinha mais gente...
A água estava suficientemente quente para eu querer voltar lá este ano.
Com a vantagem de que se tudo correr bem, uma boa parte do areal pode ser aproveitado para a prática de naturismo...
"Os Verdes" apresentaram no ano passado um projecto lei para permitir aos munícipios o ordenamento das praias para a prática de naturismo (ainda há partidos que fazem propostas decentes), uma boa maneira de potencializar os quilómetros de praia do nosso país, basta para isso diversificar a oferta turística, que a nossa economia até agradece.
Até 2010 só seis praias no sul de Portugal contavam com este estatuto oficial, o que é importante em termos de qualidade e segurança para quem pratica, principalmente quando uma boa parte desses praticantes são turistas com algum nível de exigência e que valorizam um mínimo de ordem...
Então que se modernizem as praias!



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Serás sempre o meu herói!

Como qualquer criança e adolescente que levou com o pop, o kitsch e toda a propaganda americana nos anos 80, o meu super-herói só podia ser este. Aos oito anos gostava dele porque não era um gabarolas, era forte e lindo. Aos treze achava que voar nos braços dele sobre Nova Iorque devia ser mesmo romântico. Aos dezoito já o tinha trocado há algum tempo pelos namorados e pelo Bart Simpson. Aos vinte e três começei a trabalhar, entrei na era feminista e deixei de acreditar em super-poderes!
Agora, com trinta e três anos, reconheço que ele teve e tem uma importância fundamental enquanto referência masculina, o super-homem e o homem-ideal são uma e a mesma coisa! O homem perfeito é corajoso, discreto, descontraído, inteligente, perspicaz, franco, honesto, justo e altruísta, mas claro só existe na ficção, que é o mesmo que dizer nos meus sonhos!
A única diferença é que o super-homem ainda me consegue surpreender ao fim destes anos todos.
O Super-Homem que já estava suficientemente globalizado, decidiu agora aderir a uma ética global e descartar o patriotismo que o caracterizava.
O Super-Homem anunciou recentemente, num cartoon note-se, que vai renunciar à cidadania americana, não podia ser mais perfeito. Mas depois de alguma polémica a verdade nua e crua "Este reposicionamento faz sentido do ponto de vista comercial, em vésperas da apresentação em Hollywood de mais um filme do Super-Homem que depende, e muito, das receitas de bilheteira internacionais".
A colonização cultural americana reveste-se hoje de uma nova roupagem até porque, nas diferentes esferas, poucos sabem quem pertençe a quê. Outra conclusão o dinheiro é quem mais ordena...
Aos homens, de carne e osso, resta-lhes o consolo de que a perfeição não existe, nem para os super-heróis!

sábado, 11 de junho de 2011

Livres e deprimidos ou iguais e oprimidos?

Estes dois valores, igualdade e liberdade, são difícieis de conciliar e foram paulatinamente esquecidos. Quando a sua visibilidade era maior chegaram a ser considerados como irredutíveis, mas mais tarde um deles tomaria a dianteira do outro.
Não arrisco pegar numa balança e pesar os dois e não sei se um é mais importante que o outro, nem se um excluí o outro, mas confesso-me apaixonada pelos dois!
A liberdade tornou-se, no século XX, um valor central de qualquer democracia, já a igualdade reside, no início do Século XXI, apenas no imaginário de utópicos e idealistas. Um dos mais conhecidos liberais, Milton Friedman, pugnaria pelo primado da liberdade sobre a igualdade. (Como se esteve nas tintas para os efeitos da liberdade na comunidade humana aos que acreditaram nos seus ditames resta esperarem sentados!)
Mas é a relação da liberdade com a auto-determinação individual que mais me fascína, qual o seu efeito?
Terá sido esta preocupação que levou Kierkegaard a escrever "anxiety is the dizziness of freedom", que será o mesmo que dizer que a ansiedade é a vertigem da liberdade.
Kierkegaard, como bom filósofo do seu tempo, socorreu-se de uma metáfora, a do precipício, afirmando que se eu estiver à beira do precipicio posso sentir vertigens e terei o medo imediato de cair, mas terei uma sensação ainda mais profunda de tontura originada pela liberdade absoluta que tenho para decidir se vou cair ou não. Este filósofo avançou com um conceito de ansiedade como um impulso para a tomada de consciência (auto-consciência) sobre os nossos actos, que têm entre outras uma dimensão moral. É essa vertigem, que nos fará ponderar sobre as decisões que conduzem as nossas vidas e que nos tornará assim mais responsáveis pelo nosso destino.
A respondabilidade e consciência individual são importantes, mas não estamos habituados a estar sós no precipicio, será por isso que geramos uma ansiedade do tipo colectivo?
Percebemos que a ansiedade-tontura de Kierkegaard não é igual à ansiedade do Prozac, mas poderá ser um bom substituto, assim haja consciência! Mas se no precipício é fácil no dia-a-dia não será tão evidente, será por isso indispensável a igualdade?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lógica, pois, pois...

No outro dia estava a ouvir a banda sonora do "Magnólia", ouvi isto e acho que tem tudo a ver com este estado de nonsense, que me acontece recorrentemente nos últimos meses e quase sempre à noite. O sucesso desta música é, entre outros motivos, a sua adequação face a uma multiplicidade de contextos e situações, mas o que importa é que a mim, neste estado de alma, assenta-me que nem uma luva!
E a pergunta é: porque é que eu me meti nisto? Não teria nada mais interessante para fazer? Só espero que não ou então que isso, seja lá o que for, possa esperar....


Para já decidi que, apesar da vontade de ir a alguns festivais, não vou...isto pode esperar!

domingo, 5 de junho de 2011

Humor Alentejano

Depois da gastronomia, da qualidade do ar (atmosfera e ruído) e das suas gentes, se há coisa que também devia ser certificada é o humor alentejano!
Encontrei no FB e achei delicioso...

A RAÇA DO ALENTEJANO

Como é um Alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho....
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que se há-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.

Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";
dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;
dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;
dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;
dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;
dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;
e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.

O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.
Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.
Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus:
nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.

Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?
Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que
«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».
E já imaginaram o que seria o mundo governado por um Alentejano?

ERA UM DESCANSO...
(Por João Matos)

Apesar de carregado de estereótipos e alguns preconceitos achei brilhante! E já agora, porque é Domingo e estou desligada, quero lá saber dos estereótipos e dos preconceitos, conhecem maior preconceito que aquele "Os alentejanos são preguiçosos!". Eu não e sou alentejana!
Aqui vai mais um, este mito foi inventado, com toda a certeza, por um urbano-depressivo perturbado pela falta de qualidade do ar, da acústica e mau humor das gentes da cité, seria mais adequado city, foi mais um lapso!
Temos espaço de sobra e não nos importamos de ser novamente mestiçados, desta feita por urbano-depressivos em terapia! Até porque já temos alguns...
Aos urbano-depressivos e aos urbanos em geral, não lhes reconheço muitas qualidades...(foi só o último preconceito do dia, espero até que dos próximos dez anos).