A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O meu Prozac!

Pode bem ter sido um dos motivos porque sobrevivi à adolescência...e à rebeldia que a caracterizou.
Depois de tentar (a)normalizar a minha existência com decisões brilhantes de início de ano lectivo do tipo : "vou criar uma rotina na minha vida". Esta rotina, também designada no senso comum por terapia de choque, passaria pela possibilidade de poder participar socialmente em conversas sobre TV, claro que a minha opção não recaiu sobre a trivialidade do futebol, mas sim em conversas  substanciais sobre séries de TV, de preferência as americanas que passam na Foxlife.
Depois do sucesso de "O Sexo e a Cidade", que eu simplesmente não tinha paciência para ver, mas que quanto a mim conseguiu três grandes feitos, dignos de destaque aqui e por ordem de importância: 1º popularizou e democratizou o sexo, inclusivé aquele que já vinha no  Kamasutra original, mas cujos segredos se mantiveram até então fechados e codificados para muitas/os; 2º criou uma nova oportunidade de negócio, refiro-me à infestação dos cupcakes que alegram as montras das pastelarias de qualquer cidade que se preze e 3º vendeu Louboutins (são uma espécie de scarpins de solas vermelhas que simbolizam a emancipação das mulheres, baaaaaaaaaahhhhhh, só podem simbolizar e nada mais....enfim, outra oportunidade de negócio). Afinal parece-me que foi só um...
A série que escolhi foi The Good Wife, que parecia perfeita com o argumento da boa dona-de-casa, uma licenciada em Direito que não trabalhava porque geria a casa e, portanto, uma mulher cheia de competências que volta com sucesso, ao fim de uns quinze anos, para o mundo das companhias americanas de advogados. O marido um político e traste, que ela vai perdoando, está preso acusado de corrupção e como se isso não fosse suficiente e realista, envolvido num escândalo sexual (qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência). Em abono da verdade confesso que me dessinteressei rapidamente, claro que há semelhanças mas ainda não é a nossa realidade: a dos polígrafos, empresas privadas de adopção, boas mulheres e maus maridos (ah, isto sim!)...políticos presos (ah, isto até seria bom, um pouco de moralização às vezes escasseia e até chateia! E a propósito).
Bem mas para concretizar este meu intento claro que gravei a série toda, até Fevereiro, mas confesso que só vi uns doze episódios (dias de insónia e agitação), mas felizmente tive a lucidez de gravar outras séries.
E há de facto  séries que são mais eficazes não só no combate à insónia (sim, quem trabalha até à meia-noite sofre deste mal...) mas também no reforço de sentimentos de pertença ao mundo real da (dis)função social, há pelo menos 20 anos.
Para mim mudou tanta coisa desde então, e isso foi fundamental, mas há outras que eu espero que nunca mudem...ou terei de tomar um drunfo qualquer. Confesso que este ano quase me tornei uma normalóide, mas ainda não foi desta...resta-me o consolo de ter um tema para falar com adolescentes, "Os Simpsons".

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Depois dos americanos os ingleses

O Alentejo está na moda, todos sabemos, não só pelo vinho, mas principalmente pela genuinidade, tranquilidade e beleza que oferecemos a quem nos visita.
Sim! Fazemos a diferença! (podemos sempre interpretar esta diferença em dois sentidos, e, portanto, com algum relativismo)
O Alentejo cativou nos últimos anos jornalistas americanos, como já tinha assinalado
 há uns meses atrás, que nos tiraram bem o "retrato".
As notícias deste fim-de-semana são boas para a promoção turística da nossa região. Para colocar também o norte alentejano no mapa, que fica a um bom par de quilómetros de Beja (é só consultar o viamichelin), uma boa rede de transportes pode ser decisiva. Mas enquanto nuestros hermanos já preparam a futura plataforma de Badajoz para a Alta Velocidade, "nós" decidimos abrandar e até comprometer mais um projecto que pode ser decisivo não só para a nossa economia local, como alguns consideram em relação ao turismo, mas para a sobrevivência de uma das maiores regiões do território nacional.

 

domingo, 22 de maio de 2011

Dia Santo


Hoje como boa cristã fui à praia, Domingo é dia santo e como já dispensei a missa há alguns anos encontrei um ritual alternativo que é, ao mesmo tempo, bastante terapêutico. Podia chamar-lhe talassoterapia, ou terapia da flutuação, mas não (não estou sempre em terapia), prefiro que seja uma reconciliação comigo.
A praia não podia ser mais perfeita, a Comporta, tem tudo o que é espirituoso e espiritual: Alentejo, sol e mar sem ondas! A água é limpída, tem uma temperatura fantástica e, hoje, parecia uma lagoa...assim pude ficar ali a flutuar..a flutuar...até ficar tonta com aquele doce embalar! Para agreste já basta o dia-a-dia...
Porque hoje era dia de pensar em mim, aproveitei para me retirar e pari um sonho...
Ao chegarmos à Comporta fomos obrigados a fazer um desvio para a Carrasqueira, fiquei deslumbrada com as cabanas, já conhecia as do Carvalhal e do Pêgo, mas a Carrasqueira pareceu-me ainda mais especial...
Talvez porque no meu intímo vieram-me à memória as imagens de "Água e Sal" de Teresa Villaverde, pensei que aquela cabana seria o refúgio perfeito para (re)escrever a minha tese daqui a um ano. As imagens mais marcantes desse filme são: uma relação num impasse, os sonhos não vividos, a incerteza do futuro e um passado muito feliz, as coincidências como o meu presente são algumas.
Ah, uma crise de criatividade, que espero seja a única semelhança com "Água e Sal" daqui a um ano.
E se eu precisava de me refugiar... sinto que seria agora o momento!
Só tenho medo que daqui a um ano seja demasiado tarde, e que o meu refúgio, pensando noutra ficção que me marcou profundamente, venha a ser o Bosque Éden, com realização do excêntrico e polémico Lars Von Trier, no qual me verei transformada no Anticristo.
Por enquanto prefiro duvidar de tudo, até porque hoje, tive uma inspiração divina!


sábado, 21 de maio de 2011

Saúde e Protecção Social




A saúde tem uma importância vital nas nossas vidas parece bastante óbvio, mas que as situações de envelhecimento, doença crónica e dependência podem deixar-nos mais vulneráveis à pobreza não será assim tão evidente...
São significativas as diferenças entre os idosos dependentes com doença crónica e os jovens ou trabalhadores acidentados? Perguntaram-me ontem, quando apresentei o meu projecto de investigação...não procurarei as respostas por este caminho. As diferenças podem não ser significativas se se tratar do jovem a recibos verdes e sem qualquer suporte familiar, pois a sua vulnerabilidade aumenta. O que reforça a importância de sistemas fortes de saúde e protecção social.
A equação Saúde-Protecção Social=Pobreza parece fazer algum sentido, ou seja, passar por uma situação de doença e não ter um bom sistema de protecção social pode conduzir a uma perda considerável de recursos financeiros e ao empobrecimento.  Esta equação pode ser melhor clarificada a partir do conceito de Iatrogenic Poverty, ainda que aplicado a sistemas diferentes do português.
Pode ser um ponto de partida para conhecermos o impacto que um bom sistema de saúde e, também, de protecção social podem ter no combate à pobreza, até porque o discurso da austeridade e dos cortes orçamentais ganhou vida própria e ameaça querer cortar a torto e a direito, mesmo no essencial.
O momento político actual convida a uma reflexão sobre a importância das políticas públicas na saúde e ao seu impacto em diferentes grupos e, portanto, fases da vida.
Os Cuidados Continuados podem ser um bom exemplo de diversidade das respostas sociais em saúde que, a partir dos dois sistemas, garantem um apoio de qualidade aos idosos mais dependentes e com doença crónica e prevenindo eventuais situações de empobrecimento face à doença, é esta pelo menos a minha perspectiva.
Continuo por enquanto motivada para investir num estudo sobre o impacto dos cuidados continuados neste grupo...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Indulgência

O cão que ladrava sempre à mesma hora
E as damas que dormiam serenas nos seus latidos
Criaram tantos afectos que não mais...
Voltariam a odiar os outros;
Amai os que não têm pão, casa,
Igreja, partido, carinho e carícias...
Os sem-amor, os mal-amados e os frustrados!
E eu quem amo?
A todos...os que não conheço.
Desde então é como se
As convenções e as emoções
Não mais se separassem.
Por isso choro.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Afinal o que querem as mulheres?


Este anúncio pode dizer muito sobre algumas mulheres mas muito pouco sobre outras tantas, claro que é preciso compreender o contexto: anos 80 e USA. Isto tudo a propósito de um programa de rádio (O amor é...) que ouvi este fim-de-semana e que me deixou um tanto ao quanto incomodada. No programa, Júlio Machado Vaz dizia que algumas mulheres estão infelizes numa relação mas o que as mantém nessa relação infeliz é o nível de conforto que têm...por sua vez os homens tendem a empenhar-se mais em dar conforto do que no carinho e afecto, rematava o nosso interlocutor nas suas sábias palavras.
Já que os anos 80, 90 e até a primeira década do Séc. XIX passaram não é tempo de pensarmos no essencial e aprendermos duma vez por todas a viver na dita sociedade do consumo, estabelecendo como prioridade aquilo que é mais importante, o contrário é o pão nosso de cada dia mas porque o escolhemos como tal, sim somos nós que escolhemos: o vazio, a ansiedade, a solidão e a angústia.

Eu que adoro anúncios televisi
vos ( mas felizmente como faço terapia diária anti-consumo tenho só mais uma boa desculpa para não ver TV) achei este perfeito! Tem todos os ingredientes um bom realizador, uma mulher linda e claro uma música que eu adoro, da Nina Simone.
Ah, e um dos poucos sítios que eu adoraria conhecer nos US.

domingo, 15 de maio de 2011

Música

Esta vai animar o meu estudo...Podia ser "Queixas de Um Utente", que é sem dúvida uma das minhas preferidas, mas estou cansada de lamentações...e de queixas de utentes também!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Triunvirato ou Troika?

No primeiro debate televisivo para as próximas eleições as diferenças foram evidentes, pelo menos para mim que até prefiro, e face à crise, uma apreensão mais pragmática dos discursos. Assim se o triunvirato tem a sua génese no império romano e a troika encontrou o seu auge no estalinismo soviético ...aqui encontramos diferenças. Se o estudo da linguística se aplicasse a Portugal e aos discursos políticos (até e principalmente aos hegemónicos), como propõe George Lakoff  a análise seria bem mais complexa e científica.
O debate pode ter deixado muito a desejar em relação às propostas quanto ao futuro governo de Portugal...
e sim, a pobreza empobrece a própria política...tal como ameaça a participação e a democracia.
Perdi o debate de ontem porque estava a trabalhar, mas vou continuar atenta!
No programa prós e contras, na passada segunda-feira, alguém referiu e eu consegui captar (porque tenho mil e uma tarefas enquanto oiço estes programas... ) que um dos partidos tem um programa com 120 páginas, se todos forem assim, ou alguém me faz uns sumários executivos dos programas ou não faço mais nada até dia 5 de Junho....

domingo, 8 de maio de 2011

Boa comida, bom futebol e muita história!



O Presidente da Câmara Municipal de Cascais apresentou este vídeo e as Conferências do Estoril deste ano conseguiram dar que falar, para o bem e para o mal.
Este vídeo resume em seis minutos os motivos para o orgulho da nação, pelo menos sê-lo-ão para alguns... mas será que mais uma vez o prestígio de Portugal no presente só passa pelo futebol? Não seria melhor pensarmos sobre isto?
Os finlandeses já responderam, parece que têm mulheres bonitas e respeitam os seus direitos, afinal vou me mudar é para lá...Sou portuguesa e também já perdi a modéstia....só não queria era perder o orgulho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Há vida em Marte?

Porque se houver, vou-me mudar para lá!
Como boa marciana e por muito que me tente conectar com os terráqueos não está a ser fácil....
Hoje ao tentar fazer a minha ligação matinal ao grande irmão, salta-me pela rádio uma voz familiar que anunciava o fim das negociações com "o mais citado" e entre um i-qualquer coisa, cortes e aumentos, fui-me perdendo na paisagem da minha infindável paixão e paz, quente, solarenga e muito aromática. De repente liguei-me às suas cores fortes, ao verde, ao amarelo, ao branco e ao lilás. Só voltei a acordar quando ouvi um i-qualquer coisa, desta vez com um mi no fim, até porque o tópico me interessava. Entre as vacas que pastavam por ali, algumas aves que rapinavam e duas cegonhas, percebi por fim que por ali circulavam outros seres que, tal como eu, pensei: estaríam ou não concentrados no nosso interlocutor? "Hum, não me parece!" e desliguei novamente.
Na segunda tentativa de ligação ao mundo da realficção, desta feita já o sol estava e bem posto, decido espreitar a Terra e por cá tudo na mesma...ou melhor tudo de vento em pôpa! Graças, pasmem-se - ao Futebol. "Isto hoje está impossível!" Pensei, assim não aguento.  Para mim, que sou uma espécie de futebolofóbica, que à pála da Game Box fazia, na época passada, uma terapia de choque quinzenal em Alvalade (amor a quanto obrigas!) as sucessivas tentativas de auto-ajuda não estão a resultar. Prefiro ainda assim manter alguma convicção e sou, portanto, uma fã muito discreta do Benfica. Claro que tudo começou graças ao meu querido pai benficodependente, estes processos começam sempre com um trauma, que sempre que eu lhe pedia, ainda menina, para ir ver o Glorioso me respondia: "Aquilo não é para meninas...", facto que eu podia confirmar quando via no dia seguinte as cargas policiais na TV, esse posto de controlo (estou a falar dos anos 80 ainda estavamos em vias de...). Assim fui-me conformando com a minha condição, tendo no entanto e a propósito passado de benfiquista a feminista em três tempos. E entre sucessivas desilusões e uns quantos traumas (e alguns com consequências felizes que lançam desafios à Psicologia para, pelo menos, os próximos cem anos) optei por nem sequer arriscar a ligar a caixinha mágica nesse dia.
Mas aquilo que me interessa, no meio deste marasmo e de um dia de crucial importância para o país é como é que os meios de comunicação social fecharam o dia com a Vanglória do Futebol. E perceber a importância "pública" do futebol, ou melhor perceber o que queremos para o nosso futuro, como o pensamos ou estaremos tão parados na esfera política que só nos resta " Panem et circenses".  Por muito prestígio que o futebol dê ao país na Europa, porque temos duas equipas no final da liga e é caso para dizer, depois disto tudo, e em bom alentejano: Heeeicchhh! Ganda Coisa Esta!
Quem pagará esta conta?
Mesmo em vão deixo este apelo: volta troika e negoceia o fim do futebol para todos e todas as portuguesas.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dúvida



"Uma vida que não se questiona não vale a pena ser vivida." Sócrates
Há muitos séculos atrás faria sentido, mas num dia-a-dia com excessiva regulação e ao mesmo tempo desordem, ainda fará?
Quem é que nos nossos dias não procura a (a)normalidade da vida?
Quem é que questiona? E o quê?

domingo, 1 de maio de 2011

Trabalhadores Pobres, Uni-vos!

"Trabalharei por migalhas"


Porque uma boa imagem vale mais do que mil palavras. Se por um lado me ficou a imagem do 1º de Maio sem vivacidade, pelo menos fica a sensação de que o humor não perdoa a audácia gananciosa dos poderosos!
O próximo ganhou o primeiro prémio num concurso europeu... "Direito de Passagem"!