A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Amor Enlatado



Para quem se interessa pelo amor é impensável não assinalar este dia sem passar para a escrita uma ou outra palavra sobre o seu significado, no meu caso importa escrever sobre o que tenho aprendido nos muitos anos em que nunca fechei os braços ao amor, à amizade e a todo o tipo de vínculos sociais que nos unem. Ontem pensava que a diferença mais significativa entre nós e os animais é a nossa capacidade de construção de laços sociais, o que é bem distinto da vinculação de sobrevivência típica dos animais. Está longe de ser apenas a nossa capacidade racional que nos distingue dos animais, é certo que essa capacidade veio permitir desenvolver tecnologia avançada, sistemas políticos e económicos relativamente estáveis e as mais diversas e surpreendentes manifestações artísticas. Mas ainda há muito a fazer pois do outro lado ficam: a guerra, a fome, a miséria e o sofrimento humano. Os animais vivem também de acordo com uma certa lógica, mais instintiva, que lhes permite construir e sobreviver nos seus habitats, para eles não existe a experiência do amor como algo existencial mas sim uma vinculação por questões de sobrevivência. Acredito que o mais refinado dos seres humanos compreende o amor muito para além da sua sobrevivência e é capaz de aprender não só a sua importância, mas também como construí-lo.
O amor é uma construção em progresso…é coisa para uma vida inteira, e para quem acredita, até para várias vidas!!! Não é qualquer coisa que se encontre ao virar da esquina, nem por magia, isso é mais paixão e ilusão passageira, que também faz parte do edifício que é o amor.
O amor pode assemelhar-se à mais bela construção arquitectónica, porque é único e ímpar, nasce de um ideal mas edifica-se na ação, num processo contínuo.
As pessoas são os pilares deste edifício, primeiro são precisas duas com uma vontade férrea para construir esse edifício! Com o tempo precisamos de juntar mais algumas pessoas, que formam os andares… que são os filhos, os amigos ou até mesmo os pais, e que tornam o edifício mais funcional. Os tijolos são montados no nosso dia-a-dia, o edifício vai assim adquirindo a forma de maçã, ovo ou até de pirâmide, conforme a intensidade do dia-a-dia, os afazeres, as conquistas e os gostos. De um lado ele pode ser mais amplo que do outro, vai-se moldando como uma escultura única feita a partir dos seus pilares.
O cimento que une estes tijolos representa a partilha no casal e na família, e quando não ligamos os nossos tijolos, deixamos brechas no nosso edifício. E já imaginaram que um edifício com muitas brechas e profundas pode ir crescendo, mas não se sustentará a vida toda! Aqui e acolá vamos abrindo algumas janelas, elas representam o olhar para fora, para o futuro, as nossas esperanças e anseios, podemos também fechar algumas delas com o passar do tempo, mas vamos sempre abrindo outras. Em cima do edifício construímos o telhado, já no final do edifício tomamos consciência que esse telhado representa os valores, as crenças e toda a ideologia que protege o edifício que fomos construindo. Esse a que chamámos de amor.

Só mais uma nota, para dissipar qualquer contradição, este dia é apenas simbólico para nos recordar que o amor é imprescindível aos seres humanos. Os humanos tendem a munir-se de símbolos que lembram o que é verdadeiramente importante para cada sociedade. Comecem hoje a construir o amor e parem de acreditar que o amor é como a comida processada e já vem enlatado!!!