A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dias encadeados

Não sou hoje mais do que aquilo que fui ontem, mas serei amanhã mais do que aquilo que farei hoje.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Desamor ou quando uma borboleta se transforma num dragão

Durante muito tempo nutri uma curiosidade intensa sobre o que era o amor. Este meu passatempo, do final da adolescência, era para mim uma mistura de futilidade com uma curiosidade intensa pelo mistério que o amor despertou ao longo dos séculos no nosso imaginário coletivo. Acredito que não há humanidade sem amor, assim como não podemos falar na experiência de sermos humanos sem termos experimentado o amor. Quero acreditar que esta curiosidade não tem a ver com o facto de me terem dado a graça de Julieta, mas considero-a significativa enquanto parte da minha experiência pessoal.
As minhas leituras passaram sobretudo por clássicos como Sthendal e pelos ensaios de Alberoni. Nestes dois autores encontramos definições muito concretas daquilo que é o amor. Foi sobretudo a partir do polémico empreendimento de Alberoni para clarificar quando, como e por quem nos apaixonamos (Alberoni, 1996) que encontrei a melhor introdução a este tema. Não é difícil revermos nos seus ensaios parte da nossa experiência pessoal por ser uma teoria suficientemente abrangente sobre enamoramento. Apesar de abordar o amor-ódio neste livro, pouco sei sobre o seu contrário, o desamor. Sei apenas que é um processo capaz de transformar uma borboleta num dragão, ao qual recorremos quando queremos desamar alguém.
Nos últimos tempos tenho sido assaltada por uma dúvida constante quanto à teoria do amor de Alberoni: afinal o que somos sem o amor? E quando já não nos conseguimos enamorar, em que nos transformámos? Todos somos capazes de amor? Quando, por quem e como nos desenamoramos?
Haverá então dois mecanismos que podemos acionar conscientemente, o amor e o desamor, a partir do nosso pensamento?
Mais do que os mecanismos cognitivos interessa-me aprofundar o estudo sobre dois tipos de amor, o amor incondicional (do self ou alma) e o amor egóico (corpóreo e material), um mais racional e outro nem por isso.
As minhas inquietações mais recentes prendem-se com a emergência exacerbada de um novo tipo de amor, o amor egóico, que terá ou não relegado para um segundo plano o amor incondicional?
É o ego racional que nos faz decidir, fazer escolhas sobre o que gostamos ou não gostamos no outro. E será esse mesmo ego que vive do parecer e não do ser, que nos fará amar?
A resposta não é contundente, nem pode, mas muitos hoje estarão a viver amores do ego, vivem de uma ilusão que eles próprios criaram.

Os outros, são os sortudos e iluminados, que conhecem e cultivam o amor incondicional, que é cego porque apenas se alimenta de fontes sensíveis: do sentir, dos sentimentos, da sensibilidade e do significado mais profundo da experiência humana.