A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Oooohhh, é Natal!



Uma da minha adolescência (uma banda claro, se fosse a música significava que estava tótó há muito, e que não fiquei assim só depois dos trinta)...agora a sério porque gosto muito e é Natal!

Infelizmente para muitos este é um tempo de hipocrisia, para mim de recordações...nostalgia...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Contra-Manifesto

Em tempo de pré-campanha eleitoral e como cidadã preocupada com os manifestos presidenciais (disponíveis), decidi ler os respectivos, e fiquei estarrecida com a total ausência de representatividade da mulher portuguesa e de uma reflexão, ainda que residual, aos indicadores lançados com regularidade para o “euroespaço” sobre as dimensões da igualdade de género em Portugal; que são, passados 36 anos de democratização e 24 de adesão, no mínimo diletantes, para não dizer que são efectivamente vergonhosos para o país.
Isto não seria relevante se não estivéssemos a falar da candidatura de quem garante e vigia o cumprimento dos artigos da CRP, simplificando, do instrumento que possibilita o reconhecimento da soberania e da legitimidade democrática de Portugal, para os portugueses naturalmente, mas não menos importante no panorama internacional.
Mas olhemos para história recente, se 10 anos após o 25 de Abril a condição feminina foi debatida e “batida” até à exaustão, no cenário pós-adesão fomos invadidos por centenas de preocupações políticas que acabaram por camuflar aspectos centrais e algumas garantias apostas na CRP de 74, designadamente a igualdade. Se este debate foi estéril foi porque não chegámos a nenhuma decisão “política” sobre a garantia de igualdade política, económica, social e cultural da mulher portuguesa, ou seja sobre a transversalidade da condição feminina.
E o que temos nós hoje?
Um plano nacional para a promoção da igualdade de género que se assume como um “ instrumento de políticas públicas de promoção da igualdade e enquadra-se nos compromissos assumidos por Portugal nas várias instâncias internacionais e europeias, com destaque para a Organização das Nações Unidas, o Conselho da Europa e a União Europeia.” (CIG) E leia-se no referido plano que uma das áreas estratégicas prevê “Integração da dimensão de género na Administração Pública, Central e Local, como requisito de boa governação”, por favor senhores/as só não me venham com quotas, porque eu diria é melhor ir às causas do que às quotas!
Dos actuais candidatos a PR nem uma palavra e apenas esparsas referências ao tema.
Assim na cena política actual resume-se (a igualdade de género) a compromissos assumidos…este, que se junta assim a mais uns quantos adereços…da cena política à portuguesa.
A igualdade de género tornou-se mais um adereço, podemos ver curtas referências, ou melhor duas curtas frases nos dois manifestos, assumidamente, mais à esquerda. Este adereço que tem perdido terreno no debate político, possivelmente em consequência da perda do seu brilho pós-revolucionário, para a causa ecológica, por exemplo, acessório central dos políticos de esquerda…e, note-se a ambiguidade, dos “senhores donos” da economia liberal.
As candidaturas à Presidência da República bem como o próprio cargo são então o último reduto de uma sociedade conservadora, político-virilizada e espantem-se…ainda extremamente PATRIARCAL e, por vezes, também paternalista, por reflectirem muito do que Portugal tem de melhor e pior no seu “território” político.
De melhor:
 O sentido de oportunidade dos cinco candidatos e a sua capacidade reflexiva, ao instituírem a CRISE como a CAUSA que justifica a oportunidade das suas candidaturas, para perceber isto basta ler atentamente todos os manifestos (ou ler apenas). Sabemos que o tema domina a cena política, mas a minha dúvida é: se por falta de imaginação se por ausência de convicção dos políticos? No entanto os mais imaginativos alegam outras causas, lá pelo meio, o combate à corrupção, a renovação e mudança. Eu pergunto para onde? Espanha?
A capacidade para camuflar o tabu, adiando assim o debate que para uns é radical e extremista. Para outros é só uma questão de costumes, ou melhor, pouco há a fazer, porque só não participa quem não quer…ou seja, o que havia a fazer está feito! Um dos manifestos refere a centralidade da família (eu já vi isto em algum lado, provavelmente numa vida passada) e a importância das medidas de conciliação da vida familiar sem sequer referir a situação específica da mulher portuguesa.
De pior:
O lema político de há umas décadas a esta parte: “À deriva chegamos lá!”, até porque a fé no devir e a ideia do “já chegámos aos quatro cantos do mundo” não pode ser contrariada com o lema: navegar, navegar é preciso! Ou seja, essa grande dificuldade: a ausência de estratégia a longo, médio e curto prazo. (não confundir esta ideia com outra de inspiração fascizante que defende que os ciclos políticos democráticos é que estragam tudo, que essa democracia cíclica é desnecessária e dispendiosa até!)
Bem mas eu disse o “último reduto” certo?
Se, de um lado, o meu olhar atento me permite concluir que grandes mudanças positivas aconteceram nos últimos anos ao nível da emancipação das mulheres portuguesas, é esse mesmo olhar crítico que me deixa preocupada em relação ao muito que ainda há a fazer, quando grande parte da mudança, creio, esteve e está nas nossas mãos, de todas e de todos!

E que fique claro que por tudo isto, a 23 de Janeiro, votar também conta! (Além do indispensável empenho, participação e mobilização)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cá dentro...lá fora

Quando vi o filme "Magnólia" pela primeira vez, não queria acreditar que as pessoas, desta comunidade humana, pudessem ser tão superficiais, mesquinhas, cínicas e enfim absurdas! Não queria acreditar no “absurdo” das relações humanas, ou melhor agora sei que não entendia isto muito bem porque na altura só compreendia melhor aquilo que queria ver e sentir, sabia fazer ESCOLHAS…
Vivia mais centrada em mim, menos pressionada pelo “nós” e enfim, até mais feliz apesar de menos consciente e até menos racional.
Este verão dediquei algum tempo a conhecer melhor a obra de Camus, já não fiquei tão impressionada com a contingência das relações humanas. Oh, sim! Agora, sim! Estou quase convencida que o mundo é mesmo este.
Ainda assim continuamos sempre à procura de um equilíbrio e de uma vida que acreditamos ser menos ABSURDA.
Quando ouvi esta interpretação no Festival de Jazz de Portalegre, há cerca de três anos, percebi que o que mais impressiona é a sua composição musical, que se tornou mais perceptível expressa pelas mãos de um ainda jovem, mas grande, pianista (o Júlio Resende, claro!).
Gosto muito por ser daquelas músicas que servem mesmo para “nos”sentirmos… profundamente...