A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

domingo, 30 de outubro de 2011

Os mais aguardados....

Tão aguardados que quase chegavam a Portugal só no próximo ano...
É a periferia chega tudo mais tarde.

Então por esta ordem, as próximas estreias estão previstas para:
17 de Novembro de 2011 - "La piel que habito" de Pedro Almodóvar
1 de Dezembro de 2011 - "Melancholia" de Lars Von Trier
22 de Dezembro de 2011- "Le gamin au veló" (O miúdo da bicicleta) de Jean-Pierre e Luc Dardenne

"A pele que habito" será uma experiência de Almodóvar no género thriller, por isso à partida só posso gostar, porque mistura Almodóvar e um género de que gosto bastante. Se tivésse ido ao centro da Ibéria, ali mais ou menos em Badajoz, já tinha visto porque estreou a 9 de setembro, mas a falta de tempo...

Do filme "Melancholia" não tenho tanta expectativa, para mim Lars Von Trier só se deve ver de 10 em 10 anos, porque é tão absurdo o retrato que faz da nossa existência que depois de um filme dele nada volta a ser como antes, consegue ter muito impacto mas à custa do sofrimento que somos levados a viver. No ano passado vi finalmente o "Anti-cristo" e prometi que não voltaria a ver outro filme do dinamarquês tão cedo. Mas desse filme misógino ficaram as excelentes interpretações de Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, que podemos rever em "Melancholia" no papel de irmã de Kirsten Dunst. É só esperar para ver...

Por fim o mais aguardado para mim é mesmo "O miúdo da bicicleta" dos irmãos Dardenne. São sem dúvida os meus realizadores preferidos e voltam a um tema que tratam de forma recorrente, a filiação.
Como gosto e comprei "quase" toda a sua filmografia,  excepto "A Promessa" que está indisponível...
Este é daqueles filmes que consegue deixar-me expectante...

Melhor romance...

O documentário de Miguel Gonçalves Mendes "José & Pilar" foi o melhor romance que vi...claro que não é nenhuma ficção mas eu tento sempre valorizar mais a realidade do que "ficções" (já me chega quando ando com os pés bem assentes no ar!) Adorei este filme e um dos motivos é porque gosto muito de ler Saramago, mas mesmo que não gostassse esta seria sempre uma belíssima história de amor.
Este documentário é sobre o amor, sobre o amor que não mata mas pelo contrário faz viver. Este amor é com certeza aquilo que todos procuramos, pelo menos assim que passamos a adolescência!
Se Saramago encontrou o amor depois dos 63, ainda há esperança para quem ainda não encontrou o amor.
"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" - José Saramago, A Viagem do Elefante
Será mesmo assim?


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mais uma menina que se fez mulher

Princesa fizeste 18 anos este ano e já sabes que és mulher ou pelo menos pressentes, pensas que todos os amores que valem a pena são impossíveis e isso vai adiando a tua maturidade.
Não sabes nem queres saber o caminho para o amor para a vida, contos de fadas e princípes encantados não existem, já descobriste isso há muito tempo.
Amar é uma tolice, mas a verdade é que já sofreste intensamente e também te entregaste totalmente....então afinal parece que acreditas que só os amores impossíveis valem a pena.
Tens 18 anos apenas e é muito cedo para falar em violência no namoro, mas pensa bem quantas vezes já te sentiste sob ameaça, forçada ou humilhada por amor...Por vezes até desvalorizada ou ignorada?
Quantas vezes não nos sentimos só uma bonequinha ao lado de alguém que faz questão de nos exibir. Sim, a beleza tem um preço e muitas vezes somos nós que o pagamos. Às vezes estamos convencidas que seduzimos alguém, mas esse alguém que por acaso é homem, é impiedoso quando quer conquistar a beleza...joga a valer.
Vais aprender que beleza e dignidade fazem todo o sentido juntas, são inseparáveis, nasceram uma para a outra. Até descobrires isso respeita-te primeiro para que te respeitem.
Quando encontrares alguém, o teu próximo amor, faz este balanço:
se ele comenta:
- O que vestes;
- A maneira como olhas para outros rapazes;
- A maneira como andas;
- A maneira como falas quando te irritas;
- E até a côr do teu cabelo...
Se ao mesmo tempo:
- Ouve os teus desabafos
- Pergunta como te sentes
- Telefona quando tem saudades
- Ouve a "tua" música ou vê o "teu" cinema
- Não critíca as/os tuas/teus amigas/os
Talvez valha a pena...

Esta música estava a passar na rádio e lembrei-me de ti, sei que não gostas desta música, porque como me dirias é antiga ou velha, que ainda é pior. Não tenho culpa que tenhas nascido só em 93 e que para ti todas as músicas com mais de 3 anos sejam velhas.
A verdade é que esta música faz-me lembrar o amor adolescente, assustadoramente frio e violento, mas ao mesmo tempo doce e inocente.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Melhor drama....


Vênus Negra - CartazA "Vénus Negra" de Abdellatif Kechiche foi um dos melhores dramas e ao mesmo tempo o mais violento. Uma surpresa já que o filme que conhecia deste realizador, para o género drama, consegue ser poético. Para abordar a integração de uma comunidade argelina em Marselha, que foi atingida pela precaridade, a discriminação e a aculturação, o realizador recorre a um móbil " o segredo do cuscuz " para evidenciar a solidariedade e os valores desta comunidade, esse segredo é aquilo que os une.

Como "Vénus Negra" pareceu-me um título muito sugestivo e como passava no King, um dos meus preferidos, nem perdi tempo em argumentos e críticas.
A verdade é que na primeira hora pensei várias vezes se eu merecia aquela tortura...mas fiquei e vou repetir mais vezes.
Este filme baseado na história verídica de uma "indigena" que vem para a civilização europeia, a mais avançada do século XIX, mas acaba exposta como um animal de circo. Indigena porque é assim que é tratada pela justiça inglesa e pela ciência francesa, justiça e ciência são neste caso dois pilares duvidosos da nossa civilização democrática...
Violento porque retrata precisamente essa civilização naquilo que tem de pior, a necessidade de dominação cultural enquanto veículo para a dominação económica e que naturalmente se sobrepõe ao direito a ser diferente, neste caso ao nível étnico e racial. Sim este filme é sobre racismo, sobre exploração e exploração sexual, como confirma a brilhante atriz Yahima Torres.
Vale mesmo a pena ver até ao fim, porque no final percebemos até que ponto podemos ainda hoje ajustar contas com o passado. É aí que ficamos a saber que, até aos anos 70, os restos mortais da sulafricana Saartjie Baartman ( a vénus negra) estiveram expostos no Museu do Homem em Paris e que foi Nelson Mandela quem, depois de 94, travou uma batalha política e judicial contra o estado francês...

A Yahima Torres é uma grande revelação, o realizador confirma a sua grandeza e se não fosse tudo perfeito, seria sempre mais uma oportunidade para ver mais uma excelente interpretação de Olivier Gourmet.
De referir que Abdellatif Kechiche é um francês de origem tunisina, talvez ele tenha uma sensibilidade apurada para tratar o tema da diferença, mas não escolheu a vénus e levou mais de dez anos a pesquisar para este filme por acaso e é aí que está toda a magia...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um ano de filmes...

Um ano que termina como começou, porque é assim que deve ser, com o Doc Lisboa.
O festival que tem sido um sucesso, que já tem muitas sessões esgotadas, infelizmente só posso ir a três e comprei bilhetes com antecedência.
Apesar da crise nem tudo acabou! Há vida para além da crise!

Se vi  bons filmes, claro que sim!
Se a realidade que nos apresentam, apesar de questionável, consegue ser sempre tão fastidiosa valha-me o olhar de alguns realizadores que me inspiram.

Os mais divertidos...(para mim foram-no porque além de boas sátiras foram excessivamente "sociais")

Em Mammuth Depardieu interpreta um pré-reformado que na tentativa de juntar as provas dos seus descontos vai regressar ao passado para refazer a sua trajectória ocupacional precária e desqualificada. Ao encontrar a sobrinha neo-hippie descobre uma razão para ingressar na universidade.
Soberbo é o famoso sistema corporativo francês, já que só lhe faltavam uns pontos para se poder reformar, mas em resposta às falhas do rigoroso sistema surgem as artimanhas que a sobrinha e o seu falecido pai, irmão de Depardieu, encontraram para contornar o bendito sistema.
Mas também tem um lado menos divertido, o espirito da bela namorada que assombra Depardieu e que morreu num acidente de mota, este filme foi dedicado à memória do filho de Gerard que morreu com apenas 37 anos.

A Igualdade dos Sexos uma crítica aos vícios do sindicalismo, que acompanha as reinvindicações de um grupo de trabalhadoras da Ford, em Inglaterra, quando descobrem que são consideradas não qualificadas. As mulheres responsáveis pela produção dos bancos não se conformam e param a produção, só de um sector (quase impossível hoje em dia já que a produção está tão segmentada, espalhada pelos quatros cantos do mundo) exigindo a participação nas negociações do sindicato.
Mas a luta destas mulheres estende-se até casa porque a maioria dos maridos (breadwinners) estavam nos outros sectores masculinos...para os quais os sindicalistas tinham negociado melhores condições de trabalho.
(Se não fosse pelo filme teria sido só pela sala, porque valeu a pena ir ao Atlântida Cine, em Carcavelos, pela primeira vez para ver este filme. Tivémos direito a intervalo, campainha e luzes!)



Desta série, dos mais divertidos, adorei "A dondoca". A história da menina burguesa que afinal é uma mulher de armas, que destrona o marido da gestão da fábrica, que ela herdou do pai, para modernizar a produção. Claro, com a ajuda dos filhos! A filha que me desculpe mas só me lembro do belissímo Jérémi Renier.

Oh, o Terrence Malick e o Woody Allen que me desculpem, nem é nada contra os americanos mas gostei mais dos franceses pelo menos neste género! Eles devem se estar nas tintas para o que gostamos desde que ganhem os awards ou oscares....ou lá o que é aquela cerimónia impostantíssima...nem durmo nessa noite!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A reprodução humana explicada às crianças

O mundo fascinante das crianças leva-nos a interrogar muitas vezes o que sabemos ou julgamos saber sobre a vida, mas sobretudo para aqueles que tem o privilégio de vivenciar ou acompanhar o seu crescimento e desenvolvimento mais de perto, a ver o mundo com outros olhos. Mas para isso é preciso uma boa dose de coragem, para tirarmos os nossos óculos e lentes riscasda e vermos com as suas minuciosas lupas.
Há poucos dias enquanto o meu namorado tentava convencer a minha sobrinha, pela centésima vez, de que o Sporting é o melhor clube português, a petiz respondeu-lhe como sempre com o seu clubismo benfiquista. Ao que o meu namorado respondeu que os leões são mais fortes, mas a minha sobrinha sabe que as àguias dominam e respondeu "A àguia voa e pica o leão!". A minha sobrinha considera o argumento : "As meninas bonitas são do Benfica e os meninos maus do Sporting!", que lhe tentei ensinar para responder ao meu namorado, pouco adequado ou muito complexo. Das duas umas ou não nos acha particularmente bonitas ou não acha o meu namorado mau (sim, porque é que eu havia de me apaixonar por alguém mau???), ou apenas como bem me avisa tantas vez "Isso é ridículo madrinha!".
O meu namorado é que ainda não estava satisfeito continuava a argumentar com uma menina de cinco anos sobre a sua paixão pelo Sporting e quando parecia que ía levar a melhor...a minha sobrinha lança o seu maior trunfo " Olha e eu vou ser mãe!"
É perfeita a sensibilidade da minha sobrinha para a superioridade das mulheres...Claro que a minha sobrinha já fez uma incursão pelos feminismos, quando a minha irmã decidiu comprar-lhe um livro brilhante de introdução à emancipação feminina "A princesa espertalhona".
Mas pensei eu para comigo o que é que se passa na cabeça da minha querida afilhada? Nada que qualquer psicologo do desenvolvimento não consiga explicar e bem, pois a minha sobrinha acabou de fazer 5 anos e por mimetismo ou não resolveu apropriar-se recentemente do papel de mãe e informar toda a família.
É bom e saudável e agora afirma que não pode sair de casa porque tem de cuidar do bébé, pode ser até um bom treino de altruísmo que falta tanto às crianças e jovens das nossas sociedades, mas é importante colocar um limite.
Assim parece-me apropriado que na minha qualidade de tia e madrinha dedique algum tempo a trocar a reprodução humana por miúdos" à minha sobrinha. Vou aproveitar um livro que comprei no ano passado para abordar este tema tão interessante e que por coincidência é mesmo para crianças dos 5 aos 7 anos.
De Thierry Lenain e Delphine Durand "A Joaninha quer ter um bebé", da Dinalivro.


- Anda, vamos fazer um bebé! Diz a Joaninha ao Max. Que ideia tão maluca! E o que é que a professora vai dizer quando vir a grande barriga de Joaninha?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Encalhadas? Não!

Livres e felizes!
Desquitadas? Também não?
Com experiência e exigentes!

Porque é que estar só é melhor que estar mal acompanhada?
Deixamos de ser mães a tempo inteiro, ou melhor, assistentes pessoais.
Passamos a ter mais tempo...
A ver só os filmes de que gostamos...
A ouvir só a música que nos apetece...
A ir só aonde queremos...
A estar apenas com quem nos faz sentir...
Sobretudo deixamos de estar na expectativa que nos digam o quão maravilhosas nós somos...
E passamos a ter um papel mais activo na nossa própria vida!
Isto não é suficiente???

Só se formos lá assim com uma espécie de fé cínica!


Não quería nada, mas hoje é assim que me sinto...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

E depois há países assim...

Como o nosso "lusomundo" onde o caos reina e a desordem governa.
Fica a esperança numa evolução tardia mas necessária para um verdadeiro Estado governado pela disciplina, que por enquanto não passa da mais bela utopia sepultada pelo fim do estado social e pelo renascimento do liberalismo. 
Se entretanto os partidos não desaparecerem com a onda da "indignação", fica o desafio de Daniel Bensaid
"Hoje, estamos muito longe, na maioria da esquerda revolucionária, de uma disciplina militar e dos seus mitos. A questão da disciplina é secundária à da democracia: a unidade (disciplina) na acção é o desafio que distingue a deliberação democrática do tagarelar e da simples troca de opiniões."

Se assim não fôr daqui a uns vinte anos bem posso declarar-me anarquista.

Há amores assim...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Há sítios assim...

 Têm das melhores praias...
 Os restaurantes mais românticos...
 Um pôr-do-sol inebriante...
 E a casa dos meus sonhos...

sábado, 8 de outubro de 2011

Ansiosa...

Pelo Doc Lisboa...São tantos dias (10) com uma oferta tão variada.
Não vou faltar ao melhor festival de Lisboa, este é sem dúvida um dos meus géneros preferidos!
Interessam-me "Vodkafactory", "Marxism Today (Prologue)", "Con la licencia de Diós", "Honk", "Client 9: the rise and fall of Eliot Spitzer", mas tenho de definir prioridades porque isso ajuda-me a diminuir a tal ansiedade (a verdadeira)!
Não vou resistir a "Honk", está decidido!