A Condição Humana. A natureza, as artes, as mulheres e também...os homens.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sem limites

O sentido da arte é ilimitado ou é a criação artistíca que não tem limites?

Para Nadir Afonso o sentido da arte encontra-se na indissocibilidade entre a mobilização, por vezes inconsciente, da técnica, a partir do estudo matemático e da geometria, e a representação da vida humana e social. É nesta simbiose que o sentido da arte não pode ser, na sua perspectiva, uma figuração apenas do sentir do pintor.

"Ora, todo o conhecimento, (nomeadamente nas Artes), começa por uma observação sensorial e a sua ambição consiste em encontrar a lei normal (nomeadamente de expressão matemática) que o fundamente e justifique. A partir de tal objectivo, torna-se necessário afastar, essa oposição filosófica, intransigente a que assistimos nas Ciências da Natureza, entre o sujeito prático defensor da sensação e o sujeito teórico, defensor da razão." (Afonso)

Valorizando por um lado a arte e por outro a técnica e o estudo apurado, Nadir Afonso constrói um sentido para a arte enquanto estética da própria vida humana, nesta a razão prática e a razão teórica são indissociáveis.
Eu questiono-me se este poderá ser um bom ponto de partida para pensarmos o Serviço Social enquanto arte (tema em voga nos seminários de doutoramento), mas podemos encontrar no pensamento de Nadir Afonso uma afirmação que pode clarificar uma das limitações do próprio Serviço Social,
"Como vemos, para uns é a observação prática que cria problemas, erros e preconceitos, para outros é o pensamento teórico. Para uns são os sentidos que nos desorientam, para outros são as especulações de intelecto…
Ora o facto de privilegiarmos quer a observação prática quer o pensamento teórico não deve ser encarado como uma grandeza de espírito do sujeito, mas como um defeito e uma limitação." (Afonso)

Tornei-me uma entusiasta seguidora do trabalho deste pintor, recentemente, despois de visitar a exposição que apresentou no ano passado, no Museu do Chiado.
Para meu regozijo esta exposição, sob o formato de restrospectiva, abrangia todas as fases da sua longa trajectória.
Tendo neste percurso integrado o grupo de pioneiros dos estudos intitulados "Espacillimité", que imprimiram uma noção de movimento à pintura, destacando-se entre outras obras a seguinte obra, visionável a partir daqui. Esta exposição incluia no final uma sala toda dedicada à fase das cidades, confesso que gostava de ver uma exposição do pintor só dedicada a esta fase e que incluísse o maior número de obras produzidas sobre as cidades.

Recentemente visitei a exposição "Absoluto" no Museu da Presidência, o que mais me impressionou foi a reprodução de uma peça das "cidades" numa Tapeçaria de Portalegre, sublime!

Imperdível a retrospectiva até 19 de Junho de 2011, no Centro Cultural de Ílhavo.
Para quem não tem tempo resta o mais positivo da tecnologia para ver com atenção!

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