Para quem se interessa pelo amor é impensável não assinalar
este dia sem passar para a escrita uma ou outra palavra sobre o seu
significado, no meu caso importa escrever sobre o que tenho aprendido nos
muitos anos em que nunca fechei os braços ao amor, à amizade e a todo o tipo de
vínculos sociais que nos unem. Ontem pensava que a diferença mais significativa
entre nós e os animais é a nossa capacidade de construção de laços sociais, o
que é bem distinto da vinculação de sobrevivência típica dos animais. Está
longe de ser apenas a nossa capacidade racional que nos distingue dos animais, é certo que essa capacidade veio permitir desenvolver tecnologia avançada, sistemas políticos e
económicos relativamente estáveis e as mais diversas e surpreendentes
manifestações artísticas. Mas ainda há muito a fazer pois do outro lado ficam: a guerra,
a fome, a miséria e o sofrimento humano. Os animais vivem também de acordo com
uma certa lógica, mais instintiva, que lhes permite construir e sobreviver nos
seus habitats, para eles não existe a experiência do amor como algo existencial mas
sim uma vinculação por questões de sobrevivência. Acredito que o mais refinado
dos seres humanos compreende o amor muito para além da sua sobrevivência e é
capaz de aprender não só a sua importância, mas também como construí-lo.
O amor é uma construção em progresso…é coisa para uma vida
inteira, e para quem acredita, até para várias vidas!!! Não é qualquer coisa
que se encontre ao virar da esquina, nem por magia, isso é mais paixão e ilusão
passageira, que também faz parte do edifício que é o amor.
O amor pode assemelhar-se à mais bela construção arquitectónica,
porque é único e ímpar, nasce de um ideal mas edifica-se na ação, num processo
contínuo.
As pessoas são os pilares deste edifício, primeiro são precisas
duas com uma vontade férrea para construir esse edifício! Com o tempo
precisamos de juntar mais algumas pessoas, que formam os andares… que são os
filhos, os amigos ou até mesmo os pais, e que tornam o edifício mais funcional.
Os tijolos são montados no nosso dia-a-dia, o edifício vai assim adquirindo a
forma de maçã, ovo ou até de pirâmide, conforme a intensidade do dia-a-dia, os
afazeres, as conquistas e os gostos. De um lado ele pode ser mais amplo que do
outro, vai-se moldando como uma escultura única feita a partir dos seus
pilares.
O cimento que une estes tijolos representa a partilha no
casal e na família, e quando não ligamos os nossos tijolos, deixamos brechas no
nosso edifício. E já imaginaram que um edifício com muitas brechas e profundas
pode ir crescendo, mas não se sustentará a vida toda! Aqui e acolá vamos
abrindo algumas janelas, elas representam o olhar para fora, para o futuro, as
nossas esperanças e anseios, podemos também fechar algumas delas com o passar
do tempo, mas vamos sempre abrindo outras. Em cima do edifício construímos o
telhado, já no final do edifício tomamos consciência que esse telhado
representa os valores, as crenças e toda a ideologia que protege o edifício que
fomos construindo. Esse a que chamámos de amor.
Só mais uma nota, para dissipar qualquer contradição, este
dia é apenas simbólico para nos recordar que o amor é imprescindível aos seres
humanos. Os humanos tendem a munir-se de símbolos que lembram o que é
verdadeiramente importante para cada sociedade. Comecem hoje a construir o amor
e parem de acreditar que o amor é como a comida processada e já vem enlatado!!!
A beleza morre na vida mas é imortal na arte da escrita. Podemos perdê-la toda, quiçá, nada se perde em si mesmo. Por isso em tudo na vida a cor é de várias cores, de várias cores, umas quentes outras frias, nada é livre, somente os nossos sonhos. Julieta, muitas coisas são misteriosas, mas nenhuma tão misteriosa como a mulher e/ou homem; a felicidade é a certeza de nunca nos sentirmos perdidos. Deste modo, o que ama se faz humilde; aqueles que amam, podem dizê-lo de vários modos, isto é, renunciam a uma parte do seu próprio narcisismo.
ResponderEliminarBeijos do JoséM.
(JDACT)